terça-feira, 7 de julho de 2015

OBSERVATÓRIO

Ontem o calendário assinalou 183 anos de emancipação política da Yara do Poty. Quero abrir um parêntesis às observações críticas, às ponderações analíticas costumeiras, às apreciações censurativas e erguer um invisível brinde à atmosfera que nos abriu os olhos ao arrebatamento da vida, aos encantos do mundo: Crateús! É o instante fraterno da comemoração: hora de colocar os doces na mesa, reunir a família, bater palmas, cantar parabéns e gritar vivas à terra do poeta Lucas Bocquady! Crateús: evitarei falar de teus defeitos, me escusarei de amplificar os teus clamores. Quero apenas lembrar que devemos - por uma razão amorosa, obrigação que jorra do olho d’água da consciência - reativar a orquestra dos filhos teus e, com as partituras do coração, entoar o tradicional canto de amor à tua existência: Parabéns, Crateús!

A TERRA

Crateús é abençoada por três regiões fisiográficas distintas: Serra, Pé de Serra e Sertão. No clima ameno e aconchegante do serrano distrito de Tucuns encontramos, por exemplo, a sede de um fantástico Parque Natural, a Serra das Almas, reserva particular de patrimônio natural, aberta à visitação pública, podendo se percorrer suas extensas trilhas: Arapucas (6 km), Lajeiros (1,5 km) e Macacos (2 km). Ali se resguarda um bioma que só existe no Nordeste Brasileiro: a caatinga! Naquele espaço são preservados mais de 350 espécies de plantas, 57 de répteis e anfíbios, 173 de aves e 38 de mamíferos.

A TERRA II

No pé de serra, em especial no distrito de Monte Nebo, encontramos uma das melhores e mais férteis manchas de solo do Ceará, tendo já possibilitado ao Município a condição de Capital da Produção. Em Monte Nebo há que se ressaltar, como lugar de forte influência espiritual remanescente da tradição indigenista, a furna dos caboclos, onde encontramos registros da ancestralidade indígena, tais como pinturas rupestres e artefatos arqueológicos: cachimbos de barro, pilões de pedra, entre outros. Segundo relatos orais, no século XIX houve um grande massacre de índios naquele local, decorrente de um conflito com fazendeiros. No nosso sertão, que em priscas eras se notabilizou pela Civilização do Couro, temos ainda um excelente pasto para o desenvolvimento da ovino caprinocultura.

A GENTE

A gente que habita a terra dos Karatiús é vibrantemente festiva. A cidade já ostentou título de uma das urbes com vida noturna das mais agitadas do interland cearense. Essa índole boêmia, no entanto, se harmonizou com uma faceta libertária: Crateús sempre hasteou, com destacado fulgor vanguardista, a bandeira das liberdades democráticas. Como nada

ocorre por acaso, em Crateús se entrincheirou um destemido profeta que veio a ser um dos maiores ícones da Libertação feita Teologia: Dom Antonio Batista Fragoso. Sob a sua liderança ativa, traduzida em animação guerreira, o nome da nossa terra ganhou relevo no mapa da resistência.

A GENTE II

Crateús ofereceu ao Ceará e ao Brasil grandes expoentes nos mais variados quadrantes do conhecimento. Figuras que galgaram destaque no universo das artes e da cultura, da política e da literatura, da ascese espiritual e da lide empresarial. Há menos de duas décadas, éramos a única urbe brasileira com três assentos simultâneos no Senado da República: lá estavam Valmir Campelo, Beni Veras e Sérgio Machado! Em que pese vez por outra sobrevir chispas de decepção, na hora de delegar as rédeas do executivo local, o povo sempre tem se inclinado àqueles que se lhe apresentam como a melhor opção.

UM SONHO

Sonho ver Crateús abrindo um largo sorriso, sob uma onda de maiúscula esperança, embalada por um verdadeiro movimento em favor da inauguração de um novo ciclo, de uma era diferente, de uma renovada caminhada. Sonho com uma modelar e agregadora gestão dos negócios públicos. Sonho com uma governança liberta de qualquer amarra, concitando o povo para o exercício da grande política. Sonho com a completa higienização das relações do Executivo Municipal com os partidos políticos e os segmentos organizados, governando sem fazer concessões à barganha. Sem demonizar o passado ou estimular rivalidades inúteis. Sonho, enfim, com que a cidade seja – como era para os antigos gregos - um espaço seguro, ordenado e pacífico, onde os homens possam se dedicar à busca da felicidade, à construção da dignidade, à insuflação do amor, à propagação da esperança e à ampliação da paz!

UMA MENSAGEM

Desprovidos das insígnias do personalismo, com a cabeça antenada no sonho azul da justiça e os pés empoeirados no barro vermelho da nossa realidade, poderemos vislumbrar um futuro melhor e dizer, até inflando o peito: Viva Crateús! É hora, pois, de mirarmos a cidade sob lentes futuristas e progressistas. Pensá-la com amor, fonte geradora do cuidado. Pois, “quem ama, cuida!”. Abramos as pálpebras embaçadas, sacudamos a poeira das decepções, revigoremos o espírito, desbravemos novos caminhos, recuperemos a utopia, lancemos outro olhar sobre o fazer político e marchemos na rota de uma cidade que cultue a justiça e a fraternidade. Crateús merece!

PARA REFLETIR

“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos, como sinais para que não mais se repetissem e a capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito, aquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho e a ação. E, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se pudesse, um segredo: o de buscar no interior de sí mesmo a resposta para encontrar a saída”. (Gandhi)

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