quarta-feira, 7 de agosto de 2013

FRANCISCO DE ALMEIDA - O MAIS EXTRAORDINÁRIO ARTISTA VIVO DE CRATEÚS - PARABÉNS!

Hoje aniversaria Francisco de Almeida, o Almeidinha!

Nunca esqueço que ele me brindou com uma de suas premiadas obras, O DONO DO TEMPO, para enfeitar a capa do meu livro Amores e Clamores da Cidade, no qual está inserida a seguinte crônica:

ALMEIDINHA

Apesar do proselitismo agnóstico, apesar de vozes respeitáveis noticiarem a inexistência de Deus, afirmo que cada vez mais acredito na regência de um Ser Superior sobre os atos da existência humana.

Basta nos determos nesse incrível paradoxo: a parafernália eletrônica produzida pela expansão tecnológica – que aparentemente sinaliza um triunfo do materialismo - só prolifera porque os cientistas acreditam em algo imaterial. Quem inventou um aparelho de fax, por exemplo, só prosseguiu no intento porque tinha fé na migração energética que possibilita uma transmissão exitosa além-matéria.

Nas palavras de Deepak Chopra, “a conclusão fundamental dos estudiosos do campo quântico é que a matéria-prima do mundo não é material, as coisas essenciais do universo são não-coisas. Toda a nossa tecnologia baseia-se nesse fato, que faz cair por terra a atual superstição do materialismo”.

Não fosse isso, como poderíamos explicar determinados fenômenos humanos que se nos apresentam envoltos num manto de mistério? A história registra o caso, por exemplo, de uma mulher, doente mental, casada com um homem desequilibrado em todos os sentidos. Alcoólatra e desocupado, estava longe de ser pai modelar ou marido referencial. Esse casal, no entanto, teve quatro filhos: o primeiro, doente mental; o segundo, paralítico; o terceiro, acometido de outra enfermidade séria; o quarto também deficiente. Mesmo com todo esse histórico de tragédia, a mulher estava grávida pela quinta vez. E esse quinto filho, que tudo apontaria para ter também uma vida desventurada, foi Ludwung Van Beethoven, um dos maiores gênios musicais da humanidade.

É de casos como esse que me lembro quando miro a existência dura e desafiadora, simultaneamente dolorosa e portentosa de Francisco de Assis Rodrigues de Almeida, notabilizado Francisco de Almeida ou, simplesmente, Almeidinha. Nascido em Crateús entre as manjedouras da pobreza, tinha tudo para engrossar as fileiras do exército dos excluídos na mecânica perversa que orienta a nossa sociedade desigual. Pequeno na estatura, frágil na estrutura - revelou-se, no entanto, um gigante na desenvoltura. Desafiando céus e terra, em especial um problema neurológico que atrofia sua musculatura, Almeidinha empreendeu uma viagem fabulosa à auto-afirmação, protagonizando uma ascensão vertiginosa no mundo das artes e firmando-se como o mais talentoso nome da xilogravura cearense. Não é apenas um artista extraordinário, é um ser humano formidável que, de cada poro do corpo e da alma, exala a alegria de viver, o prazer da simplicidade, a essência do humano.

Quando criança alimentava o sonho de pintar o cartaz de cinema da sua urbe. Dirigia-se à porta do Cine Poty (nome também do rio da cidade) e detinha-se contemplando a pintura dentro da moldura de vidro. Admirava, à época, o trabalho do senhor João Batista, um pintor que morava às margens do rio e era o seu ídolo. O tempo passou, o cinema fechou, mas o sonho artístico continuava aberto no coração de Almeidinha. Contra a vontade do senhor Manuel Almeida Sobrinho e da dona Terezinha Rodrigues de Almeida, seus pais, resolveu ir para Fortaleza. Após ralar muito, escalou a montanha do sucesso e pisou os píncaros da glória. É um mago da culinária e da xilogravura. Da mesma forma que inventa novos pratos, misturando temperos inéditos, também brinca com as telas, misturando misticismo e crendices populares, pedras coloridas e astros-reis, pedaços de madeira e carvão, num inimaginável baile de magia e luz.

O que mais o orgulha, no entanto, não é o incontestável fato de ser o mais premiado gravador do Ceará, tendo suas telas sido exibidas nos mais importantes acervos do País e recebido aplausos na Argentina e na Europa. O que mais o orgulha é ter conhecido a fome, a sede e o frio de perto...

Um cancioneiro introvertido, português multivital, chamado Fernando Pessoa, dizia: “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”. E um outro ser transcendental, o poeta chileno Pablo Neruda, afirmou que “o poeta vive todas as vidas do mundo”.

Almeidinha, um biocrata de marca maior, grava em suas telas toda a pulsação do planeta. É um filho do sorriso, um sujeito de festa, um caboclo danado, um cabra da peste, um menino do bem. Merece um lugar no frontispício dos iluminados. É GENTE DE AÇÃO!

(Júnior Bonfim)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

O fim da crise - I

Nenhum policy maker vai propagandear isso mundo afora, mas os indicadores de atividade (consumo e, em menor medida, investimento), o comportamento das empresas e dos investidores, a situação do mercado de crédito e o comércio internacional indicam que a crise iniciada em 2008 está se esvaindo nos países centrais. Isso não quer dizer que o mundo não tenha problemas e que estes sejam desprezíveis. Ao contrário : o "rescaldo" da crise internacional persistirá como essencial ao sistema econômico, especialmente no que se refere à situação fiscal e à administração da política monetária. Este é o caso dos EUA onde o Federal Reserve manda recados propositalmente contraditórios no que tange à manutenção ou não do imenso estímulo monetário gerido pela autoridade monetária daquele país. Com menos alarde, é o mesmo que faz o Banco Central Europeu e o Banco do Japão.

O fim da crise - II

Não à toa os mercados mais arriscados e sensíveis às variações de humor, sobretudo o de ações, está com invejável desempenho nos países centrais. Os resultados corporativos tem sido positivos e corroboram o otimismo dos investidores. Nos EUA, além da confirmação das melhores expectativas em termos dos resultados, os analistas estão ouvindo dos managers que o ambiente mais favorável está se traduzindo em vendas e investimentos. As listas de recomendações de ativos estão lotadas e os volumes negociados nos mercados estão altos e se espera que assim permaneçam. Os próximos embates em termos de política econômica nos países mais ricos serão entre eles : os temas relacionados ao protecionismo e as taxas de câmbio começam a preocupar os formuladores de políticas e os próprios políticos. Em suma : a conjuntura melhora e os aspectos estruturais voltarão a dominar o ambiente das discussões.

O fim da crise - III

Apesar de todo otimismo e do melhor desempenho em termos de atividade, a maior probabilidade é que até o final desta década o crescimento mundial gravite em torno de 2%, algo como metade dos melhores anos da década passada. O despedaçamento do sistema de crédito e do funcionamento dos mercados em 2008 ainda produzirá muitas dificuldades para a recuperação dos países mais desenvolvidos. Com efeito : não se deve esperar que os ativos tenham valorização equivalente a dos patamares mais elevados dos anos 2000. A recuperação deve ser lenta e gradual. E sem a segurança de que a volatilidade seja razoável. Os tempos são melhores, mais promissores e ainda cheios de obstáculos.

O começo da crise - I

O caso brasileiro é oposto ao andamento do cenário no rico hemisfério norte. O Brasil passou rapidamente da condição de "queridinho" pelos analistas e investidores para a condição de "preocupante". Reduzidos os fatores de crescimento (aumento do consumo interno em função de salários e o efeito "China") o que fica evidente é que a tração do crescimento se reduziu para um patamar entre 0%-2%. Não há milagres possíveis em política econômica. Assim, o país continua omisso no que se refere às reformas necessárias à economia. Além disso, fatores estruturais como a péssima educação, o subdesenvolvimento tecnológico, os transportes, portos, etc. se juntam a uma tributação elevada e a uma taxa de câmbio que inviabiliza a competitividade externa. O governo Lula e Dilma tem a mesma agenda que adia as reformas e antecipa os ganhos e avanços sociais que produzem resultados eleitorais mais imediatos. A presidente Dilma acelera o intervencionismo governamental na atividade econômica e administra uma estranha coalizão política que soma oligarcas e movimentos sociais desprovidos de maiores ideais.

O começo da crise - II

A melhoria do cenário externo retira certos riscos que pairam sobre o Brasil, vindos de fora. Todavia, os riscos domésticos são substantivos e carecem de soluções políticas articuladas que não virão por duas razões básicas : (i) a presidente tem visão míope e bastante distinta da enorme parte da sociedade brasileira e lhe falta força política para agir depois da recente e vertiginosa queda de popularidade e (ii) as forças políticas estão paralisadas à espera da evolução do cenário para somente depois se posicionar. Neste segundo item estão incluídos os partidos de oposição, tão pobre de ideias quanto o governo. "Fatos novos" na política são necessários para que se mude o prognóstico para o país. O que se espera é que nos próximos meses fique mais evidente a queda da atividade e, com efeito, aumente o desemprego. Estes elementos devem tornar o governo ainda mais débil e mais combustível será dado à corrida eleitoral do ano que vem. Apostar na melhoria do cenário não será apenas um exercício para os mais otimistas. Será dos videntes que estão vendo muito além daquilo "que aí está".

Leilões : hora de decisões - I

Começou a contagem regressiva para os leilões de concessões nas áreas de ferrovias, rodovias, portos, aeroportos e exploração de petróleo, boa parte deles marcada para ir ao ar ainda este ano, em negócios iniciais de mais de R$ 100 bilhões. Há um clima de alta tensão em Brasília por causa da chegada da hora das vendas, de apreensão, insegurança e medo. Para o Brasil, os leilões, por sua importância para a economia brasileira, de forma a dar uma empurrada num PIB vacilante e com sinais de que o limite de crescimento do país está muito baixo, é essencial. Mas para o governo Dilma e as pretensões presidenciais ele é tão essencial quanto :

1. Será a forma de Dilma começar a mudar o clima de desconfiança dos agentes econômicos e dar também uma injeção de ânimo na população.

2. O Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda contam com o dinheiro que entrará nos cofres pelas concessões ainda este ano para fechar as contas públicas e garantir o superávit primário de 2,3% do PIB prometido por Guido Mantega e do qual boa parte dos analistas duvida. Os R$ 15 bilhões do campo de Libra, do pré-sal, por exemplo, já estão somados nas previsões orçamentárias.

Leilões : hora de decisões - II

Há, no entanto, muitas incertezas quanto ao sucesso da maioria das concessões previstas para este ano. A única que parece segura, até agora, é a do campo de Libra. Mesmo assim, os prováveis candidatos estão pressionando para que algumas regras sejam mudadas. Nas outras, a insegurança é total, embora fontes não-identificadas de Brasília estejam alimentando a mídia com informações de que o número de interessados é grande e o entusiasmo deles é maior ainda. No mundo real, porém, ao que se sabe, há pressões para que as condições do leilão sejam mudadas, o negócio não é considerado pelos investidores assim tão atraente quanto o governo imagina. É claro que há o jogo natural das empresas para tentar levar mais vantagem, mas há também, como se sabe, a idiossincrasia de parte do governo com o que ele classifica como "lucro excessivo", que quer levar os candidatos às concessões. Vai ser uma queda de braço até que os leilões de fato se realizem. Já se fala, por exemplo, em novo adiamento do trem bala, agora sem nova data para acontecer. A decisão sobre isto deve sair esta semana.

Sinal amarelo

O sinal amarelo em relação às concessões piscou depois que, na semana passada, fracassou, por falta absoluta de concorrentes, o leilão para construção e exploração da linha 6 do metrô de SP. E olha que o governo paulista é muito mais aberto às concessões que o governo Federal.

Debandada
O banco norte-americano Goldman Sachs anunciou nesta segunda-feira, 5/8, que não mais irá recrutar 50 executivos para a sua agência brasileira. A justificativa é que o Brasil não parece tão atraente neste momento de fraqueza de crescimento. Nos últimos tempos, o GS perdeu três de seus principais executivos, dentre os 40 que saíram da instituição. Os bancos de investimento são bem ágeis para ajustar seus quadros às perspectivas do mercado.

Mais política, menos marketing ?

Depois do barulho das ruas, talvez assustado com o que muitos governistas classificam como um ruído de comunicação entre o governo e a sociedade, a Brasília oficial passou a espalhar que o governo passaria a fazer mais política e menos marketing nas suas conversas com a sociedade. A interpretação era de que a presidente Dilma estava fazendo tudo certo, apenas não transmitia bem o que fazia. Parece que não será bem assim. Segundo informações da capital Federal, a presidente Dilma está preparando-se para uma série de entrevistas exclusivas em programas de audiência de televisão de grande alcance popular, principalmente os que atingem as donas de casa. Anuncia-se também que está sendo preparado um calendário de inaugurações - seja de obras, seja de pedras fundamentais - pelo país para a presidente comparecer. De preferência em locais onde os governadores e os prefeitos amigos possam ajudar.

Não é o que parece
Não é isto, porém, que parece querer uma parte do PT, a julgar por este trecho do documento que o presidente nacional do partido, Rui Falcão, lançou para ser discutido pelos petistas como plataforma de sua candidatura à reeleição, em novembro : "O Partido que Muda o Brasil", que lançou Rui Falcão à reeleição, afirma : "Nossa comunicação não pode e não deve ser comandada pelos referenciais do marketing, mas pela perspectiva política que não se atém, apenas, às vitórias eleitorais e à sustentação da imagem partidária. Nossa comunicação deve ser capaz de dialogar, de modo permanente, com a sociedade por meio das redes sociais, da TV, do rádio, da web e de materiais impressos, o que supõe políticas e coordenação permanentes". É tudo muito simples : o problema do governo, no momento, é credibilidade. Confiança não se retoma com retórica apenas, o discurso e os números prometidos e anunciados têm de ter um pezinho no mundo real.


Sem Dilma, no mato sem cachorro

Não se pode dizer que o PT voltou a amar Dilma - pois nunca houve, de fato, um afeto profundo entre eles. Lá no passado, o partido não tinha Dilma como uma de suas opções para substituir Lula. Aceitou-a, como acata tudo e muito mais que vem do ex-presidente. Afeiçoou-se a ela depois que ela caiu nas graças da opinião pública. Agora, que a mesma opinião pública começou a tirar terra debaixo dos pés da presidente e de seu governo - o PT quis ser "independente". Foi devidamente enquadrado por Lula e pela própria Dilma, por atos e palavras. E percebeu que seu destino em 2014 e a permanência no poder em 2015 está atrelado ao dela. Enquadrou-se sem aos menos estrebuchar.

O Congresso está de volta

Com muita disposição e apetite os políticos voltam para o Planalto Central. Nessa hora é que mora o perigo. Para alguns deputados e senadores as promessas de ação são a melhor reza. Valha Deus a Dilma e ao Brasil !

A pesquisa do PMDB

Deve ficar pronta esta semana uma pesquisa, com uma série de questões, que o PMDB está fazendo entre seus deputados, senadores e direções regionais para levantar a opinião do partido sobre as relações com o governo Dilma e outros temas. Uma das perguntas é sobre a manutenção ou não da aliança com o PT nas eleições presidenciais do ano que vem. Como é uma pesquisa interna e sem auditoria, pouco se saberá dela de fato. Mas é certo que cerca de 95% dos peemedebistas dirão que são favoráveis à manutenção da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer. Podem acreditar.

O Brasil no FMI

Não deixa de ser ilustrativo que o representante do Brasil no FMI, indicado pelo ministro Guido Mantega, esteja fazendo do cargo o que bem entender. Ao votar, em nome do país e de outros tantos contra o empréstimo do Fundo à Grécia, Paulo Nogueira Batista Jr. alegou que as condições concedidas ao belo país mediterrâneo eram muito melhores que aquelas que prevaleceram em 1987 para o Brasil. Nogueira Batista Jr. era o negociador brasileiro naqueles sombrios tempos. Além da evidente maluquice de nosso representante ao votar sem considerar os interesses do país e de seus representados, há que se reconhecer que Guido Mantega não escapa da culpa in eligendo. O titular da Fazenda deveria usar o seu poder mágico que utiliza para fechar as contas públicas para fazer sumir Nogueira Batista Jr. das cercanias do prédio do FMI em Washington.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PROGRAMA "MAIS MÉDICOS" - OUTRO RETALHO LEGISLATIVO!

Impressionante a capacidade de improviso legislativo do Poder Executivo Federal, refiro-me à medida provisória que abre vagas para médicos estrangeiros sem revalidação de diploma e, exige do estudante de medicina a dedicação exclusiva, pelo tempo mínimo de dois anos, ao serviço público no SUS. Causa perplexidade a colcha de retalho legislativo, sem nexo, lógica ou respeito às técnicas jurídica e médica para implantação desse programa. Trata-se da MP 621 de 8 de julho de 2013.

O programa chama Mais Médicos, mas, como veremos, teremos no SUS estudantes ainda despreparados, e médicos estrangeiros sem diploma revalidado no país, ou seja, sem a confirmação da habilitação técnica para atuar no país.

Inicialmente o programa altera a grade curricular do curso de medicina, que terá o primeiro ciclo de atividade acadêmica correspondente a seis anos, e, ao final desse ciclo, a habilitação ao exercício da atividade médica restrita ao âmbito do SUS pelo prazo mínimo dois anos, como requisito obrigatório para o exercício pleno da medicina, cuja supervisão poderá ser por um médico pós graduado, não necessariamente um docente.

Atualmente, o médico cumpre os seis anos e já está habilitado ao exercício da medicina nos sistemas público e privado, sendo sua a escolha de onde irá atuar, por conta da liberdade ao exercício de sua profissão, conforme previsto na CF.

Aqui a primeira incoerência, a MP apela sob o argumento de que seria parte do processo pedagógico e, ao mesmo tempo, afirma que esse instrumento legal visa fomentar o SUS com mais médicos. Ora, um estudante, como é chamado pela MP, não seria médico ainda e não poderia suprir a deficiência do contingente de médicos no SUS.

Outra questão, qual o cunho acadêmico se a supervisão será de um médico pós graduado e não um docente ou, ainda, de "profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional" como dispõe a lei Federal 6.932/81 que trata da residência médica. Por outro lado, qual o cunho acadêmico se o objetivo da norma não é o estudante, mas o aumento do número de médicos no serviço público do SUS. Mais ainda, o ato supervisionado exige um médico experiente para cada estudante, quer dizer que não haverá aumento de contingente porque a atuação de cada estudante sempre exigirá um médico qualificado ao seu lado.

A MP afirma que esse segundo ciclo será obrigatório na graduação do estudante, já evidenciando que atenderá o SUS sem o preparo final técnico necessário.

Por outro lado, a MP, estranhamente, diz que o exercício profissional no segundo ciclo é restrito ao SUS, como se pudesse exercer a medicina com restrições. Confuso.

A atividade do segundo ciclo poderá ser considerada como parte da residência médica. Porém, quando o médico está na residência médica, ele já é considerado médico habilitado a exercer sua atividade em qualquer instituição que bem escolher. A MP restringe esse critério de forma arbitrária.

O estudante, nesse período, terá pagas as mensalidades de sua faculdade e receberá bolsa.

Na minha visão, considerando o escopo da norma, que nada tem a ver com projeto acadêmico ou de ensino, porque está clara a intenção de fomentar número maior de médicos no SUS, existe um vício de constitucionalidade pelo cerceamento da liberdade ao exercício profissional. Se existisse algum projeto acadêmico relacionado a tais serviços, poderia até ser justificado. Na residência médica há a especialização do médico em determinada área e isso segue uma metodologia científica previamente definida. Na leitura da MP, o estudante vai atender de forma indiscriminada os casos que lhe forem confiados, sob supervisão mas sem nenhuma metodologia acadêmica relacionada ou específica. Está ali para "quebrar o galho" e isso é inadmissível para criar uma obrigação dessa onerosidade.

Quanto a vinda dos médicos estrangeiros, a MP diz que priorizará os médicos formados no Brasil, os brasileiros formados no exterior, os médicos estrangeiros com diplomas revalidados no Brasil e, e daí vem o pavor, os médicos estrangeiros, formados fora do pais sem revalidação de diploma.

Esse último caso é preocupante, porque a falta de revalidação do diploma significa ausência de qualificação técnica para exercer sua atividade no país.

A MP chega a exigir ao médico estrangeiro "conhecimentos da língua portuguesa" e não fluência, isso significa que haverá falha na comunicação considerada fundamental para formação da anamnese, o diagnóstico e o prognóstico, com a necessária e exata compreensão do paciente.

Uma norma confusa em conceitos, contraditória, inconstitucional e adaptada como gambiarra legislativa que passa longe da solução do problema fundamental da saúde, tornando esse ainda mais complexo e insolúvel.

Triste país que ainda acredita que se resolvem questões fundamentais com a redação de leis esdrúxulas, como se o imperativo da vontade do Estado fosse suficiente para, sob o comando apenas, sanar as falhas estruturais graves que comprometem nossa saúde. Feliz e bem aventurado aquele que, no rodízio das escalas do plantão, for atendido por um médico legitimamente brasileiro!

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* Henrique Furquim Paiva é advogado sócio do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia.

domingo, 4 de agosto de 2013

DIETA MEDITERRÂNEA: DEZ ESCOLHAS PARA UMA VIDA SAUDÁVEL


1 - Use o azeite de oliva extra virgem como a principal adição de gordura. É o óleo mais amplamente utilizado no Mediterrâneo. É rico em vitamina E, betacaroteno e ácidos graxos monoinsaturados, que conferem propriedades cardioprotetoras. Este alimento é um tesouro na dieta mediterrânea e tem evoluido ao longo dos séculos entre os hábitos alimentares regionais, dando aos pratos um sabor único e aroma.

2 - Coma alimentos de origem vegetal em abundância: frutas, verduras, legumes e nozes. Os legumes e frutas são a principal fonte de vitaminas, minerais e fibras em nossa dieta, proporcionando, ao mesmo tempo, uma grande quantidade de água para o organismo. É essencial comer cinco porções de frutas e verduras diariamente. Graças aos seus altos teores de antioxidantes e fibras, elas ajudam a prevenir, entre outros, certas doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.

3 - O pão e o alimento a base de cereais, massas, arroz e, especialmente, os grãos devem fazer parte da dieta diária. O consumo diário de massas, arroz e cereais é essencial para a sua reserva de carboidratos e o seu bom humor. Eles fornecem uma parcela significativa da energia necessária para nossas atividades diárias. Tenha em mente que são os produtos de grãos que fornecem mais fibras, minerais e vitaminas.

4 - Alimentos minimamente processados, frescos e sazonais são os mais adequados. É importante o uso dos produtos sazonais uma vez que, especialmente no caso de frutas e legumes, podemos consumir eles no seu melhor momento, com o prazer dos seus aromas e sabores.

5 - Consuma laticínios, principalmente iogurte e queijos magros. Nutricionalmente salienta-se que os laticínios são excelentes fontes de proteínas de alto valor biológico, com minerais, cálcio, fósforo e vitaminas. O consumo de leite fermentado, iogurte etc. é associado a inúmeros benefícios para a saúde, pois estes produtos contêm micro-organismos vivos, capazes de melhorar o equilíbrio da microflora intestinal.

6 - A carne vermelha deve ser consumida com moderação. As carnes processadas em pequenas quantidades, tais como ingredientes de lanches e pratos. A carne contem proteínas, ferro e gordura animal em quantidades variadas. O consumo excessivo de gorduras de origem animal não é nada bom para a saúde.

7 - Comer peixe em abundância e ovos com moderação. Recomenda-se comer peixes oleosos pelo menos uma ou duas vezes por semana. Às suas gorduras, embora animais tenham propriedades muito semelhantes com as gorduras vegetais, são atribuídas propriedades de proteção contra doenças cardiovasculares. Nos ovos temos proteínas de alta qualidade, gorduras e muitas vitaminas e minerais, o que torna ele um alimento muito rico. O consumo de três ou quatro ovos por semana é uma boa alternativa para carne e peixe.

8 - Frutas frescas devem ser a sobremesa de todos os dias. Doces devem ser consumidos ocasionalmente e com baixo ponto de açúcar. As frutas dão cor e sabor à nossa dieta e são uma boa alternativa na parte da manhã ou como lanche para matar uma fominha e a vontade de doces pesados.

9 - A água é a bebida por excelência no Mediterrâneo. O vinho deve ser tomado com moderação e com as refeições. A água é essencial na dieta. O vinho é um componente tradicional na dieta mediterrânea, ele tem efeitos benéficos à saúde, se bebê-lo com moderação e no contexto de uma dieta equilibrada.

10 - Faça atividade física todos os dias, é tão importante como comer corretamente. Ficar fisicamente ativo e realizar todos os exercícios físicos, adaptados às nossas capacidades, é vital.

(Bernard Twardy, no O POVO de hoje)