sábado, 23 de julho de 2011

AS ARMADILHAS DA RUA CEL. LÚCIO


Trafegar pela Rua Cel. Lúcio, no trecho compreendido entre as Ruas Firmino Rosa e Cazuza Ferreira, é quase caminhar por campo minado. A cada passo o perigo é iminente. Fluxo intenso de veículos, velocidade excessiva, violações de normas básicas de segurança e descaso do poder público são alguns dos motivos que põem em xeque a vida de inocentes que por lá habitam ou se arriscam diariamente.

A Rua, que liga o centro da cidade ao Bairro da Ilha, um dos bairros de maior densidade populacional de nossa cidade, há muito carece de reformas, ou pelo menos de providências que facilitem e protejam as vidas de habitantes e transeuntes.

Um pequeno passeio, de preferência à pés¹, pelo referido trecho, basta para que se saiba que o alerta que aqui fazemos é verdadeiro e de boa fé. Pena que nossos políticos e autoridades competentes não tenham tempo para gastar sola de sapato por onde trafega o canelau². Façamos o caminho, então...

De saída, antes mesmo de engrenarmos uma segunda³, lado direito, sentido centro-ilha, ops!!! Uma parada! Uma Clínica Médica e uma Loja de Grife fizeram desuas calçadas estacionamentos privativos para funcionários e clientes. Resta-nos descer a rampa (é rampa mesmo) e disputar espaço com motos e carros enraivecidos.

Triste e estarrecedor é saber que as ditas cujas, Clínica e Loja, pertencem a um importante político desta tão maltratada Pólis dos confins do mundo. Mais triste e mais estarrecedor ainda é ouvir o silêncio gritante, a inércia conivente da Prefeitura. Cadê o Código de Postura?! O bicho comeu?!!! Andemos...

Pouquíssimos metros adiante, novo ardil – seis Bocas- de- Lobos, literalmente arreganhadas, prontinhas para devorar o mais incauto e desatento filho de Deus. Três de cada lado da Rua, para que a justiça seja igual para todos, indo ou voltando... Quanto ao mal hálito que exalam, aceitemos com resignação, o mais sombrio e trágico da realidade reside um pouco adiante. Caminhemos...

Eis que chegamos à ponte que sobrepõe nosso amado e contundido Rio... e interliga a Ilha ao centro da centenária Pólis. Aqui, amigos e amigas, Seres humanos e Ceras humanas, reside o imponderável. A dita, construída há quase cinquenta anos atrás, quando nossa frota de veículos se limitava a meia dúzia de jeeps e quatro lambretas, já não atende às necessidades dos dias atuais. Se o cenário é o mesmo, a novela é outra. Hoje, carros e motos à mil, bicicletas e humanos (de todas as idades e credos) disputam brava e acirradamente o exíguo espaço da velha e inapta pinguela. Sérios são os agravantes. 1) uma das laterais, previamente arquitetada e destinada aos bípedes mortais, foi inadvertidamente ocupada por um duto da Cagece. Alguém viu?!!! Outro, mais agravante ainda: Abismos (de verdade mesmo) sem nenhuma parede ou baliza de proteção, antecedem, de ambos os lados, o acesso à ponte. O risco é permanente, a proteção divina, nem sempre.

Caso tenhamos a sorte de sairmos ilesos desta arriscada empreitada, resta o cruzamento com a Cazuza Ferreira...

Depois é caminhar até a Imaculada e agradecer a Deus. E não esqueça, afortunado viajante, de deixar uma moedinha para a Madre Santíssima.

Enxerguemos com os olhos, não com a dor indelével...


1. Ou quem sabe de cadeira de rodas
2. Com a permissão do Poeta e Sociólogo Airton Monte
3. Ao Chico Budu, in memoria


(Edilson Macedo)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a coluna com uma deliciosa historinha de Valério Mesquita, um potiguar contador de "causos", afamado pela verve.

Comício em Brejinho. Terra do folclórico ex-prefeito Avelino Matias, vulgo "Meu Pai", figura conhecida no Agreste do Rio Grande do Norte. No palanque, Avelino discursava inflamado : "Nós vai melhorar a educação do município. Nós vai melhorar a saúde do povo de Brejinho. Nós vai trabalhar pelos mais pobres e nós vai ajeitar as estradas". A filha, prefeita do município, não aguentou tanto erro de concordância e resolveu intervir:

- Pai, empregue o plural.

Avelino, empolgado, soltou-se:

- Nós vai arranjar emprego pro plural, pro pai do plural, pra mãe do plural, pra "famia" toda!

E assim Brejinho elevou a família Plural à Galeria da História Política.

Lula vai à luta

Vocês, leitores, percebem algo errado com o título acima? Ora, Lula sempre esteve no campo de batalha. Como presidente, parecia às vezes líder da oposição. Com um discurso alinhando abordagens de uma luta dos pobres contra os ricos, dos fracos contra os poderosos, dos carentes contra as elites. Lula chegou ao topo das elites políticas. Mas seu discurso é o do brasileiro comprimido na última camada da pirâmide social. Essa é a mágica de Luiz Inácio. Agora, solto na buraqueira - como se diz no vulgo - Lula correrá o país, abrindo palanques para fazer a maior baciada de prefeitos da história do PT.

Longo alcance

Luiz Inácio tem consciência de que funciona como a locomotiva que puxa o trem do PT. Sem ele, os carros não correrão nos trilhos. Por isso, não quer esperar mais um tempinho. Põe lenha na caldeira com a subida aos palanques. Irá ao Nordeste nos próximos dias para mobilizar massas na Bahia e em Pernambuco. Lula quer o PT governando o país pelo menos 16 anos. Claro, defende um segundo mandato para Dilma, sabendo que caso ela tropece na primeira jornada, ele será o estepe. No banco de reservas, pronto para assumir a posição de titular. Recursos para viver uma boa vida, ele descobriu como arrumar : palestras. Cada palestra é bem cobrada : entre R$ 250 mil e R$ 500 mil, dependendo do patrocinador e do lugar.

23 palestras

Pois bem, nos próximos 2 meses, Lula tem engatadas - agendadas - 23 palestras internacionais. Convites chegam de todas as partes. Deverá recusar algumas para ter tempo e se dedicar à pré-campanha das prefeituras.

Acervo de Boal

Brasil grande? Que nada. Brasil medíocre. É o conceito que uso quando vejo situação perversa como essa: a viúva do grande dramaturgo, diretor de teatro e ensaísta carioca, Augusto Boal, que morreu em 2009, levará seu acervo para os Estados Unidos. Aqui, não encontra patrocinadores e apoiadores para escudar o acervo do grande brasileiro. E assim a obra do fundador do Teatro do Oprimido ficará longe da pátria. Perguntinha boba: quem é mesmo a ministra da Cultura? Ou da Curtura?

70% das verbas do porão

Mais um registro do Brasil na lama: 70% das verbas desviadas no território são das áreas da Saúde e da Educação. Dinheiro para reformas de escolas e hospitais, compra de merenda escolar e de remédios, construção de quadras esportivas e procedimentos do SUS. O ralo da corrupção consome parte formidável dos recursos e das energias do país.

DEM homogêneo?

Dizem seus dirigentes que o DEM, mais enxuto, também está mais homogêneo? Claro, é o mínimo que se poderia exigir de um partido estiolado pela saída de muitos quadros. A regra é esta: a homogeneidade aumenta na razão direta da compressão de participantes.

Tucanos unidos? Difícil

Diz-se também que o tucanato toca acordes mais uníssonos. Este consultor discorda. Os tucanos são todos caciques. E caciques exibem autonomia, arrogância, independência, autocontrole. Os grupos são independentes. Há um maestro mais respeitado entre eles, Fernando Henrique, que pouco consegue juntá-los na mesma orquestra. Por isso, Aécio toca sua viola com seu grupo, Serra rege uma bandinha própria, Alckmin tem a sua bateria forte em São Paulo, Tasso brinca de apitar no Nordeste e o presidente Sérgio Guerra, tonto e confuso, acaba ouvindo melodias dissonantes.

Empresa individual

A lei 12.441/2011, que permite a constituição de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, entra em vigor daqui a seis meses, mas já representa uma nova fase para o empreendedorismo brasileiro. O presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e de Assessoramento no Estado de São Paulo (Sescon-SP), José Chapina Alcazar, entende que a lei é um incentivo à formalidade. "O cidadão que antes precisava recorrer a amigos ou parentes para iniciar um negócio, agora pode colocar seus planos em prática sem o artifício de uma sociedade que, na prática, muitas vezes não existia". Não há limite de faturamento para abrir empresa nesta modalidade; basta comprovar capital social de pelo menos 100 vezes o maior salário mínimo vigente no país, valor que hoje representa R$ 54 mil.

Os argentinos

Mais uma sobre argentinos. Barack Obama, presidente dos EUA, e David Cameron, primeiro ministro inglês, conversam em um jantar na Casa Branca. Hillary Clinton, secretária de Estado, aproxima-se deles e pergunta:

- Qual é o assunto desta conversa tão animada?

- Estamos fazendo planos para a terceira Guerra Mundial, diz Obama.

- Uau!, exclama Hillary. E quais são esses planos?

- Vamos matar 14 milhões de argentinos e um dentista, responde Obama.

Hillary, tão surpresa e intrigada quanto ficou ao saber do affaire de Bill Clinton com Mônica Lewinsky num salão da Casa Branca, pergunta:

- Mas, um dentista ? Por que é que vão matar um dentista?

Cameron dá uma palmada nas costas de Obama e exclama:

- Não te disse? Ninguém vai perguntar pelos argentinos!

Valente e Jânio

Nelson Valente é um especialista em Jânio Quadros. Lança mais um livro sobre uma das figuras mais interessantes de nossa história política. Jânio Quadros, O Estadista, tem 467 páginas com fotos e bilhetinhos inéditos. Nelson conta: "corri bibliotecas, colhi depoimentos, li e reli centenas de revistas e jornais antigos e conversei muito com o próprio personagem. O ex-presidente sempre foi comigo muito atencioso, relatou-me fatos que hoje tenho por obrigação passar através deste livro. Para a renúncia, há mais de dezoito versões diferentes. As minhas pesquisas indicam que o ex-presidente Jânio da Silva Quadros tentou renunciar pelo menos onze vezes nos mesmos moldes e uma tentativa de deposição em toda a sua vida pública". Nos sete meses de governo, Jânio Quadros despachou cerca de quinhentos bilhetinhos, papeletas ou memorandos altamente enérgicos e exigentes.

A nova classe média

Há uma nova classe média abrindo as portas do consumo. São 20 milhões de brasileiros que ascenderam na escala social, chegando ao habitat da classe C, vindas das margens D e E. Acorrem aos pacotes de lazer e viagem, começam a entrar nos aviões, descobrem as maravilhas dos cruzeiros marítimos, entopem as lojas dos bairros e chegam aos shopping centers. Mas ainda não se apropriaram de outros valores inerentes à classe média B, como ser polo de irradiação de influência e opinião. Ainda não se identificaram com a característica fundamental da classe média : pedra no meio do lago. Jogada no meio de um lago, a pedra forma marolas que chegam até às margens.

Caras novas

A fornada de candidatos para as prefeituras no pleito de 2012 terá muitas caras novas. A cada dia, surgem pré-candidatos. Viva ! O município é a base do edifício político. Brasil tem 5.564 municípios. Seria muito bom um banho geral na velha cara da política.

Reforma fatiada

O governo já prometeu muito e não cumpriu. Promete mais uma vez : no segundo semestre, virão retalhos de uma reforma tributária. As fatias contemplarão situações como extinção da guerra fiscal entre Estados e fim do ICMS para importação. Vamos acompanhar. E avaliar se não haverá nova guerra fiscal a partir da geração de novas tensões e reivindicações.

Quem enxerga melhor?

Que a desindustrialização se faz presente no país, ninguém duvida. Apenas uma autoridade não concorda com essa escancarada realidade: o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Que diz literalmente: não há desindustrialização no país. Os dados lhe são apresentados. Ele diz : não entendo assim. Ontem, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também disse literalmente: "os efeitos da desindustrialização estão bastante marcantes". Quem enxerga melhor?

Chávez, Fidel e Lula

Chávez decidiu tratar seu câncer de próstata em Cuba. Lula chegou a dizer a ele : venha para o Brasil que, se for preciso, cuidarei de você, ficarei na porta para não deixar nenhum intruso entrar. O Brasil dispõe de grandes médicos e o tratamento nessa área é considerado coisa de primeiro mundo. Mas Chávez decidiu pelo sigilo que o tratamento cubano lhe dispensará. Fidel lhe garantiu: aqui, você terá tranquilidade. No Brasil, muito barulho. Razoável o argumento.

Nordeste melhor

O nordeste já não exporta tantos habitantes para o sudeste Maravilha. A região, segundo o IBGE, começa a receber os nordestinos desiludidos com as intempéries encontradas no Eldorado tão sonhado. Viva o nordeste melhor.

Gilberto e DNIT

Nos últimos dias, uma nota foi recorrente na mídia : o patrocinador da continuidade de Luiz Antônio Pagot, no DNIT, seria o ministro Gilberto Carvalho. Teria sido ele o artífice da solução meio-termo encontrada : não se pode demitir um servidor público de férias. Mas a decisão parece tomada pela presidente Dilma : Pagot pagará o pato e não voltará à direção do DNIT.

Advogados

Os advogados entram em peso na militância político-partidária. Na campanha paulistana para a prefeitura, Luiz Flávio Borges D'Urso, Gabriel Chalita e Fernando Haddad são advogados. Chalita é o primeiro candidato sinalizado por um partido: o PMDB. D'Urso é o segundo, a ser lançado dia 6 de agosto pelo PTB. Haddad ainda é um sonho de Lula. Difícil de se concretizar. Marta Suplicy é, hoje, a candidata favorita do PT.

Luiza Trajano

Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, deverá ser convidada pela presidente Dilma para compor o Ministério. Para ela, estaria reservada a Pasta da Micro e Pequena Empresa. Comandante de um império, Luiza, conhecida pelo teor crítico às investidas tributárias do Governo, deverá pensar duas vezes antes de aceitar. Mas tende a fazer a experiência no governo.

Bocarra tributária

Este ano, o brasileiro vai pagar um volume maior de impostos. O economista Amir Khair, especialista em finanças públicas, calcula que a carga tributária deve crescer 1,3 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB), passando de 33,6% em 2010 para 34,9% do PIB em 2011, impulsionada pela arrecadação de impostos e contribuições Federais. Os tributos estaduais devem perder participação em relação ao tamanho da economia e os municipais ficarão praticamente estáveis. O movimento reflete a retirada de desonerações fiscais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a recuperação do valor do Imposto de Renda das empresas, que sofreram queda em 2010, como reflexo da crise de 2009, e à dinâmica favorável da economia.

5 minutos de silêncio

A onda de um minuto de silêncio faz parte da liturgia do poder. Surfam nessa onda políticos de todos os espectros. Vereador, então, usa a onda para capturar todos os votos da família do morto. Vejam este caso que ocorreu na Vila São José, bairro periférico de Macaíba/RN. O ex-vereador e candidato Moacir Gomes, ao usar a palavra, inicia a oração rogando aos assistentes do comício um minuto de silêncio pelo falecimento de um morador do bairro. Seu assessor e cabo eleitoral, ao lado, pensando no tamanho da família do falecido, sopra no ouvido de Moacir:

- Um minuto é pouco. Peça cinco. Tem muito voto lá!

Historinha de Valério Mesquita.

Conselho aos pré-candidatos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao novo ministro dos Transportes. Hoje, sua atenção se volta aos pré-candidatos. O pleito municipal do próximo ano deverá ser um dos mais concorridos. A política abre o apetite de profissionais de todos os campos e espectros. São milhares de candidatos que concorrerão ao cargo de prefeito em 5.564 municípios. Nesse momento, pré-candidatos começam a mobilizar seus times e a azeitar suas estruturas. Para eles, os seguintes conselhos :

1. Procurem fazer uma análise rigorosa das condições que os abrigarão, da situação de eventuais adversários e partidos e do clima ambiental das cidades;

2. Tentem, desde já, estabelecer um cronograma de ações e decisões com vistas à conquista de apoios de entidades e lideranças;

3. Antecipem-se em algumas iniciativas, como as de comprometer o maior número possível de parceiros e aliados no jogo eleitoral.



(Por Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 19 de julho de 2011

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Confirmação de tendência

Na coluna do dia 9/5 escrevemos que os mercados sinalizavam uma mudança substantiva de tendência. Depois de quase um ano de recuperação do colapso financeiro ocorrido nos países centrais do capitalismo. a partir de agosto de 2008, os mercados refletiram em larga medida o sucesso imediato da adoção de políticas dos governos para evitar que a atividade econômica atingisse patamares de uma crise como a de 1929. Ao final do primeiro trimestre deste ano, quase todos os segmentos do mercado local e mundial apresentaram um desempenho que espelhou este processo inicial de recuperação. Restavam os aspectos estruturais das economias para serem "recuperados" por meio de políticas governamentais. Não foi isto que ocorreu na maioria dos países, incluso o Brasil, que permaneceu letárgico diante de seus problemas.

Sistemas emperrados

A crise europeia, deflagrada pelo colapso da Grécia, é a representação de que a absorção dos "créditos podres" do sistema privado (e estatal) não está cabendo na dimensão da dívida externa e interna dos países. Os investidores que se beneficiaram do socorro do Estado são aqueles que, sem as perdas gigantescas das quais foram protegidos, agora constatam que as dívidas de países como Portugal, Espanha, Irlanda e, até mesmo, Itália e França, podem não ser solventes na sua plenitude. O mesmo raciocínio vale para a os EUA, muito embora a sua posição estratégica lhe permita melhores condições.

O dilema europeu

Há um problema estrutural muito maior que uma conjuntura negativa. A crise é estrutural e requererá um encaminhamento político sobre o qual não temos convicção que os sistemas políticos estão preparados para solver. Portanto, trata-se de uma crise de enormes proporções. A Europa está diante de uma "escolha de Sofia". Ou aprofunda a União Europeia, sonhada destes os anos 50 do século passado, ou dissolverá o seu sistema monetário "jogando ao mar" os países menores do Velho Continente. Angela Merkel e sua visão de um germanismo econômico simboliza a restrição à estratégia pró-aprofundamento. De outro lado, a França e a Inglaterra simbolizam a hesitação na defesa da União. A questão não está apenas mal parada. Ela está ainda sob o impacto da análise de ganhos e perdas.

Os EUA tem a sua própria miopia

O caso norte-americano é ainda mais simbólico do momento decisivo pelo qual passamos. Obama é uma figura política pálida, sem sustentação política no Congresso e incapaz de promover mudanças estruturais no seu próprio sistema econômico. Suas políticas maneiam entre aspectos exclusivamente ideológicos (universalização da saúde e previdência, intervenção do Estado sobre o sistema produtivo, etc.) e aspectos concretos (limites orçamentários e de dívida, apatia dos investimentos privados, desemprego elevado, etc.). Há ainda a constatação que somente as urnas abençoarão a renovação (ou não) da liderança americana e, assim, capacitá-la a mudar o curso do declínio do Império.

China não é fiadora, é outro risco

Até pouco tempo atrás, as colunas dos principais jornais econômicos do mundo atribuíam à China a extraordinária capacidade de mover para cima e para baixo a economia mundial num momento de fraqueza de demanda. Ao aprofundar-se a crise neste momento, fica evidente o que já se sabia: num sistema aberto como o do comércio mundial, não há vencedores quando todos perdem. A desaceleração chinesa já é fruto da fragilidade das economias capitalistas centrais. E tem mais : a China detém 1/3 dos títulos do Tesouro norte-americano e boa parte (algo como ¼) dos títulos dos países europeus. O questionamento da solvência plena das dívidas antes consideradas "certas" impõe dúvidas sobre a China, que resvalarão no seu próprio desempenho econômico. A China não é, portanto, apenas esperança de demanda, é também um sinal de alerta para o mundo, particularmente o ocidental.

Brasil, com os dedos cruzados I

No resumo analítico que fizemos acima, cujo objetivo é apenas qualificar nossas visões, vê-se que estamos diante de um processo estruturalmente complexo e que, inevitavelmente, trará consequências para o Brasil. Muito embora sejamos uma economia relativamente fechada, os vasos comunicantes do preço das commodities e das transações entre os mercados financeiros e de capital são suficientes para nos contaminar. Neste sentido, é preciso reconhecer de saída que em 2008 as condições da economia brasileira eram melhores que as atuais para enfrentar uma conjuntura desfavorável. Atualmente, a crise estrutural é mais grave. O Brasil ainda tem números fiscais razoáveis frente a seus pares europeus e os EUA, mas estes são piores que há dois anos. A nossa maior virtude se concentra no excelente nível das reservas, mas estas estão aplicadas em quase 100% em títulos europeus e norte-americanos. Vê-se que a situação não é simples.

Brasil, com os dedos cruzados II

O maior problema brasileiro é o câmbio. Desde o governo de FHC, passando pelo de Lula e chegando a Dilma, a política cambial carece de cuidados. Não apenas em função da inflação, mas, sobretudo, em função da prometida política de desenvolvimento econômico. A taxa de câmbio é a variável mais sensível para viabilizar (ou não) o desenvolvimento industrial. O que se viu até agora nos últimos dez anos, pelo menos, foi uma total falta de visão estratégica em relação ao tema. Não se discute esta variável para não comprometer o "mercadismo" financeiro e, de outro lado, as forças produtivas internas não se apresentam como viabilizadoras políticas de uma discussão em torno de seus interesses. Afora o fato de que a alta das commodities obscureceu os efeitos estruturais do comércio exterior sobre o processo de desenvolvimento tecnológico e econômico. A conta sempre chega neste campo, estejamos certos disso.

Inflação, boas novas (e ruins)

A inflação projetada cai. Uma boa notícia quando há dois meses especulava-se que os preços podiam tomar um rumo perigoso. Todavia, dois aspectos têm que ser qualificados para que não sejamos tomados de ânimos que não se sustentam logicamente: a inflação caiu porque a atividade econômica está menor (com o BC puxando os juros) e em razão do câmbio comportado e para baixo (o que força os preços domésticos também para baixo). E tem mais : uma taxa de inflação entre 6% e 7% não é baixa. Ao contrário, agrega mais riscos ao cenário atual.

Copom, cheio de opções

Escapemos das análises do mercado sobre o tema e vejamos a questão de um ângulo mais estrutural. O BC tem todas as opções a sua disposição em relação à taxa de juros, mas as dúvidas são grandes. Vejamos: (i) a desaceleração da atividade econômica é evidente - e ficará mais evidente à frente - (ii) - os preços podem cair mais, dependendo do comportamento do câmbio (iii) e, o risco externo está aumentando. Seria prudente o BC esperar para agir, pois o cenário é muito incerto e a taxa de juros, convenhamos, um presente dos céus para quem tem recursos aplicados no Brasil... De todo modo, amanhã o Copom deve aplicar mais 0,25% na Selic, para desgosto de certas áreas oficiais. O dito mercado ainda aposta em outro 0,25 até o fim do ano, mas então tudo é incerto.

Por tudo isso...

Estamos reforçando a nossa visão negativa (desde 9/5/11) em relação ao desempenho econômico mundial e brasileiro, cujos efeitos sobre os mercados são igualmente negativos, muito embora muito difíceis de serem dimensionados.

Feliz 2013

Não há muitas dúvidas, a não ser que o BC dê um grito de autonomia, que no momento não está a seu alcance: a meta oficiosa é só levar a inflação para o centro da meta (4,5%) em 2013. 2012 tem eleição municipal, com as consequências já conhecidas, ainda mais que petistas e aliados querem ampliar suas forças com vistas a 2014, e há bombas contratadas como o aumento de cerca de 14%, cerca de 8 pontos reais acima da inflação, para o salário mínimo. E em 2011, além de ainda influenciado pelos ares de otimismo que Lula espalhou antes de sair do governo e está alimentando depois dele, de que o Brasil já entrara na rota do paraíso, há a necessidade de a presidente Dilma de firmar-se sobre suas próprias pernas. Antes disso, ela não pode bater forte na política nem na economia.

Política e economia

A dúvida de alguns especialistas é simples : a presidente não pode "bater" duro este ano nos fantasmas econômicos - casos do câmbio em que ela precisa se equilibrar entre proteger a indústria brasileira e a ajuda que o dólar desvalorizado dá ao combate à inflação e do próprio juro - por razões de ordem política. Não estaria ela, no entanto, apenas comprando um problema para o ano eleitoral? Não seria melhor ser dura agora para respirar em 2012?

Lá como cá

Se alguém julga que serve de consolo: parte da queda de braço entre Obama e os adversários republicanos tem, de fato, a ver com princípios ideológicos, com opções de ordem econômica. Parte, porém, como lembrou o economista (democrata) Paulo Krugman, tem a ver com as disputas eleitorais de 2012. Já não se fazem países do lado de cima do equador como antigamente!

Transportes congestionados

Destaca-se a oficial e oficiosamente diferença entre as ações da presidente Dilma no caso Palocci, no qual ela demorou 23 dias para livrar-se do bem sucedido consultor de empresas, e o episódio dos ministérios dos Transportes, no qual no mesmo dia da notícia da "farra dos aditivos" ela já mandou para casa três suspeitos e aceitou as "férias" de um terceiro - em dois dias mandou de volta para o senado o próprio ministro Alfredo Nascimento. As razões levantadas pelas vozes que fazem questão de apontar tais diferenças são três:

1. Dilma percebeu que as vacilações na ocorrência Palocci pegou mal para certos setores da sociedade, especialmente a classe média conservadora.
2. Aproveitou para livrar-se de um grupo que nunca foi o dela.
3. Aaproveitou também a situação para firmar sua própria liderança, à revelia do próprio padrinho e de aliados.


Não seria bem assim

Os adversários das interpretações acima e aqui não se trata da oposição, pois esta... contestam com outros argumentos:

1. Palocci era do PT, a turma em desgraça nos Transportes era (e é) de outra freguesia. Se fosse um petista no lugar de Nascimento e troupe Costa Neto, haveria a mesma eficiência?

2. A escolha de Paulo Sérgio Passos para o lugar de Nascimento, também como (ainda que formalmente) como homem do PR, mostra os limites do tal grito de independência política.

3. A demora de fazer uma profilaxia total no ministério dos Transportes, com Luis Antonio Pagot e todo o DNIT, incluindo um petista gaúcho citado por Pagot como um homem muito poderoso no departamento, sinaliza dificuldades e necessidade de muitas negociações.


Efeito colateral

Quando Dilma age, como está agindo no ministério dos Transportes, para efeito externo (opinião pública) e como efeito demonstração (público interno), afastando ou demitindo à primeira denúncia, ela, ao mesmo tempo, está criando um ambiente de insegurança em muita áreas sob seu comando e incentivando o velho e corrosivo fogo amigo. "Publicou, caiu. Então, vamos soltar as labaredas" pode ser o novo lema das "pacificadas e unidas" forças governistas.

Otelo

Como escreviam os colunistas de outros tempos, "causou espécie" nas áreas a quem se julga de direito, os elogios que a presidente Dilma fez ao ex-presidente FHC e ao governo dele, em carta pela celebração dos 80 anos do tucano. Não foi por outra razão que a presidente, que andava avara em referências ao patrono, numa semana fez três citações ao ex-presidente Lula. E ainda falou em "herança bendita" em pleno desenvolvimento da crise do ministério dos Transportes, mandada e comandada por gente e acordos recebidos do passado. Não foi à toa ainda que o ex-presidente petista insurgiu-se novamente - seu tema recorrente - contra a imprensa em evento oficioso (tal o patrocínio estatal) da UNE em Goiás, entre outras coisas, por tentar "intrigar" criador de criatura. Quem tem paredes com bons ouvidos em São Paulo e em Brasília sabe o que se passa no mundo real. E sabe, de lado a lado, de onde sopram as "intrigas".

Apelidos delicados

No meio das ferrovias, havia um Juquinha incômodo, mandado definitivamente pelo desvio em que o PR foi metido (temporariamente ou para sempre?) No caminho dos armazéns nos quais o governo fez estoques alimentícios, há um Juca (com acento no "a" muito familiar) da cota do maior, e no momento mais estridentemente silencioso, partido da base aliada.

O perigoso terreno da galhofa

Ridículo é pouco para classificar certos gestos e atos públicos destinados transmitir para o distinto público sinais de que nas hostes políticas oficiais os aliados vivem na maior harmonia. Como, por exemplo, o bolo de noiva (Dilma e Temer nos papéis principais) cortado entre o PMDB e o PT; e os coquetéis e jantares agora oferecidos pela presidente, antes avessa a esse tipo de coisa, aos políticos aliados, nos quais, ao modo dos call centers, ela diz aos neoamigos, "vocês são muito importantes para mim". O risco é descambar para a galhofa.

Sherlock Holmes

A serviço do país não seria o caso de contratar o personagem de Conan Doyle e outras criaturas como Hercule Poirot, de Agatha Christie, numa convenção dos grandes detetives ficcionais da história, para descobrir os ritmos da oposição brasileira? Antes que ela própria vire apenas uma ficção?

Jornalismo em choque e em xeque

Ruppert Murdoch, para o jornalismo de respeito, é e sempre foi uma excrescência. Mas que há uma certa dose de hipocrisia, acolá e aqui, em relação às revelações sobre os métodos do Publisher (se assim se pode chamá-lo). Basta ver o teor (se alguns conteúdos assim merecem a classificação) de certas publicações de sucesso e o lixo eletrônico que toma as tardes nacionais e estrangeiras. Além de cair em cima de Murdoch seria com que cada um, publicações, publicadores e público fizéssemos uma passagem pelo confessionário. A propósito, valeria, para jornalistas (e advogados) a leitura de "O jornalista e o assassino", da jornalista norte-americana Janet Malcolm, edição da Cia. das Letras.


(Por Francisco Petros e José Márcio Mendonça)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

CURIOSIDADE!!!

Para a sabedoria infinita o numero de frequência máxima é 3= 1+1+1 - SERÁ SOMENTE COINCIDÊNCIA

Este ano vamos experimentar quatro datas incomuns: 1/1/11, 1/11/11, 11/1/11, 11/11/11 e tem mais!!!

Pegue os últimos 2 dígitos do ano em que nasceu mais a idade que você vai ter este ano e será igual a 111 para todos!

ALGUEM EXPLICA O QUE É ISSO????

USE A BOCA PARA PROFERIR PALAVRAS DOCES E GENTIS

Compreenda que o melhor papel a desempenhar é a sua própria missão de vida! E você deve ter uma missão importante e só sua, tá? É por isso que quanto antes você assumir sua consciência de que tem toda responsabilidade pelos pensamentos, pelas palavras e ações, mais rápido vai encontrar a paz que tanto procura!

Pare imediatamente de falar que a vida é complicada e coisas desse tipo. Veja com mais clareza a simplicidade das coisas. Veja como é melhor e mais fácil levar a vida quando se dispõe a fazer só duas coisinhas: assumir de vez a sua vida e procurar servir ao outro!

Você é sim dono do seu destino, viu? E sempre será! Você veio para este mundo sozinho e sozinho dele partirá deixando as suas próprias marcas!

Pois quando você compreender melhor o seu papel nesta vida, mais cedo descobrirá que tem uma missão a ser cumprida! Talvez a missão de amar sem reservas. Ou talvez a missão de modificar o mundo à sua volta!

Saiba também que a palavra é forte porque ela representa o seu pensamento e este representa a sua alma em ação! E se você tiver sempre palavras duras, com certeza vai colher respostas duras! Mas se você plantar palavras otimistas vai ter flores e frutos em sua vida! Palavras otimistas querem que a vida fique mais bela, sabia?

Nunca deixe que uma palavra ríspida que ouviu, fique guardada em sua memória, tá? É melhor calar do que machucar. É melhor morder a própria língua do que soltar veneno por ela. Que de sua boca saiam só o elogio e palavras doces e gentis.

Ao falar palavas duras, você vai colher respostas duras"


Mensagem de Luis Carlos Mazzini

PARA REFLETIR

"Não se pode ser justo, quando não se é humano."

Vauvenargues

domingo, 17 de julho de 2011

IMAGINE - O HINO À PAZ DE JOHN LENNON

Domingo é dia de lazer, repouso, diletantismo e sonho.

Permitam-me compartilhar o mais belo, suave e vigoroso hino da lavra de John Lennon, lançado há quatro décadas.

Em votação da revista Rolling Stone, a música foi eleita a terceira melhor de todos os tempos.

John Lennon descreve a canção como sendo anti-religiosa, anti-nacionalista, anti-convencional e anti-capitalista. Na canção ele pede para imaginar um mundo sem religião ("no religion"), sem países ("no country"), sem possessões ("no possessions"). A letra foi inspirada em um desejo de Lennon de ver um mundo em paz.

De acordo com os jornais The Sunday Times e The Guardian, Yoko Ono teria influenciado o refrão da canção, pois ele aparece em vários poemas escritos por ela na década de 60 e em seu livro intitulado Grapefruit: "imagine a raindrop...".

Depois da morte de John Lennon, foi construído em sua homenagem um mosaico contendo a palavra Imagine no Central Park de Nova Iorque, em uma parte que fica em frente ao prédio que Lennon morava e foi brutalmente assassinado, o edifício Dakota.