sábado, 11 de setembro de 2010

TOTALITARISMO EM AÇÃO




Está sendo implantado pelo atual governo, no Brasil, agressivo modelo de Estado patrimonial, que privatiza ainda mais as instituições republicanas em benefício da militância partidária do PT e dos que se acolhem nessa sigla. Esta não seria senão mais uma etapa do nosso arcaico patrimonialismo, não fosse o viés totalitário que assoma por entre as frestas dos acontecimentos ao longo destes oito anos, manifestação que se torna mais translúcida em momentos de pugna eleitoral, como os que estamos vivendo.

Três aspectos na política do atual governo são preocupantes, porquanto conduzem diretamente a uma etapa, totalitária, do processo de hegemonia petista.

Primeiro, a tentativa de Lula de conseguir maioria no Senado, com a finalidade de ver aberta a porta para uma reforma, de tipo chavista, da Constituição.

Segundo, a progressiva tendência policial da militância, que, não contente com ter aparelhado Ministérios, secretarias e autarquias, monta, a partir desses espaços, políticas de caça às bruxas, colocando todos os cidadãos com a corda no pescoço. Após as repetidas quebras de sigilo dos dados de declarações de Imposto de Renda, pela Receita Federal, de cidadãos pertencentes à oposição ou próximos dela, todos os brasileiros viramos candidatos a Francenildos.

Em terceiro lugar, a costumeira desfaçatez do presidente Lula, pronto para dar cobertura aos contumazes "aloprados", neste episódio e nos anteriores, ocorridos ao ensejo das eleições de 2006, bem como no caso do "mensalão", rebatizado pela intelligentsia petista como um reles caso de "caixa 2", que todo mundo pratica.

A imprensa brasileira tem reagido à altura diante desses atentados à democracia. O editorial do Estadão O responsável pela bandidagem (3/9, A3) foi certeiro ao indicar para onde apontam as responsabilidades da quebra de sigilo: "O crime comum e o crime político se complementam. Agora, destampada a devassa nas declarações de Verônica Serra, vem o presidente Lula falar em "bandidagem". Se quiser saber quem é o responsável último por essa degenerescência, basta se olhar no espelho." E o jornal O Globo, na mesma data, não fez por menos, também em editorial (Impunidade incentiva crime na política), destacando a causa do clima de "liberou geral" instalado no País: "É a impunidade existente no PT que incentiva a militância a agir como delinquentes, espiões. O partido estimula o crime quando dá tratamento de herói a mensaleiros (...)."

Como vários comentaristas têm destacado, caracteriza-se a atual onda de utilização criminosa dos mecanismos do Estado em benefício da candidata oficial pelo fato de se alicerçar em modelo de comportamento que, por sua vez, é caracterizado como de "ética totalitária", segundo a qual os fins justificam os meios. A pretensão não é nova na História. Após a formulação do modelo de "messianismo político" por Jean-Jacques Rousseau, estabeleceu-se agressiva doutrina que pode ser resumida rapidamente nos seguintes itens:

1) A finalidade da vida em sociedade consiste em garantir a felicidade dos indivíduos.

2) Somente será possível atingir a felicidade dos indivíduos em sociedade se estes renunciarem à defesa dos seus interesses individuais, a fim de que todos se identifiquem com o interesse ou o bem público.

3) Como os indivíduos se tornaram egoístas por força do individualismo materialista dominante na sociedade, torna-se necessário que uma minoria de puros, identificados com o bem público (definido por eles próprios), os submeta a um banho catártico que os limpe das impurezas do individualismo.

4) A comunidade dos indivíduos despidos dos seus interesses individuais constitui a vontade geral.

5) Nessa comunidade de homens puros vigora a unanimidade, sendo a dissidência considerada como um atentado à felicidade geral, devendo ser rigorosamente eliminada. Como ensinava Rousseau no seu Contrato Social, todos os meios seriam válidos para a elite de puros implantar a unanimidade.

6) Na organização do Estado deve ser levada em consideração a busca do modelo que melhor garanta a unanimidade, mediante a eliminação da oposição. Como consequência dessa proposta, a humanidade viveu, entre 1917 e 1989, o século do totalitarismo, com os milhões de vítimas que causou a implantação da vontade geral por minorias fanáticas, na Rússia, na Ásia e na Europa, ao ensejo das ditaduras nazi-fascista e comunista. A prévia desse filme de horror havia sido apresentada na Revolução Francesa e no ciclo denominado Terror Jacobino, com a maquininha infernal de eliminar dissidentes funcionando a pleno vapor pela França afora.

Neste início de milênio, consolidam-se experiências de populismo que se aproximam, na América Latina e alhures, dessa versão totalitária. Os dois mais importantes rebentos da nova realidade são a revolução bolivariana do presidente Hugo Chávez, na Venezuela, e o agressivo fundamentalismo islâmico praticado no Irã por Mahmoud Ahmadinejad e pelos aiatolás. Totalitarismos e populismos fundamentalistas seriam o reino da paz perpétua, não no sentido liberal que Kant conferiu a essa expressão, mas na acepção literal que o gênio de Königsberg viu inscrita na porta do cemitério da sua cidade, circunstância que o inspirou, aliás, na formulação da pergunta sobre se não haveria outra paz a que os seres humanos pudéssemos aspirar, diferente da dos túmulos.

É curioso observar a tendência do presidente Lula a confraternizar exatamente com esses regimes, louvando Chávez pelo fato de existir democracia "até demais" na Venezuela e defendendo os interesses nucleares do Irã, com sério risco para a paz mundial e arranhando a imagem da nossa diplomacia.

(Por Ricardo Vélez Rodríguez -
COORDENADOR DO CENTRO DE PESQUISAS ESTRATÉGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, no Jornal O Estado de São Paulo, 10.09.2010)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

HERMANO FREIRE BONFIM


Meu amor por ele é indescritível, indizível, incomensurável. É o meu único filho homem. Caçula da casa.

Escolhi Hermano para seu nome de batismo.

Embora, na sua origem teutônica, Hermano signifique “Homem do Exército”, foi aspergido com as águas do batismo sob a auréola da fraternidade. Nossa intenção era nomeá-lo - docemente, castelhanamente - como “irmão”. Sob o influxo inspirador da música LOS HERMANOS, do compositor, cantor, violonista e escritor argentino Atahualpa Yupanqui, pseudônimo de Héctor Roberto Chavero, que livremente traduzo:

“Eu tenho tantos irmãos
Que não os posso contar.
No vale, na montanha,
No pampa e no mar.

Cada qual com seus trabalhos,
Com seus sonhos, cada qual.
Com a esperança na frente,
E as lembranças atrás.

Eu tenho tantos irmãos
Que não os posso contar.

Gente de mão calejada e quente
Por isso da amizade,
Com uma lágrima prá chorar,
Com um terço prá rezar.
Com um horizonte aberto
Que sempre está mais prá lá.
E a força para buscá-lo
Com muita garra e vontade.

Quando parece mais perto
É quando se distancia mais.
Eu tenho tantos irmãos
Que não os posso contar.


E assim seguimos andando
Curtidos pela saudade.
Nos perdemos pelo mundo,
E voltamos a nos encontrar.

E assim nos reconhecemos
Pelo distante olhar,
Uma canção que morde
Sementes de imensidade.

E assim seguimos andando
Curtidos pela saudade.
E em nós os nossos mortos
Para que ninguém fique atrás.

Eu tenho tantos irmãos
Que não os posso contar.
E uma irmã muito formosa
Que se chama Liberdade!”

Hoje completa 15 anos. Desde as tenras flores da infância se mostrou uma figura proativa, que perscruta soluções rápidas para problemas demorados.

Quero compartilhar contigo, meu irmanado filho, o pão da paz, a estrela da luta, o vinho da fraternidade, a esmeralda do sonho!

Feliz aniversário!



(Júnior Bonfim)

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Parabéns, Hermano!

Pelo anivérsario de 15 anos,um patamar para uma nova vida!

E pelo pai (Junior) que tens, um cidadão que o mundo precisa!

Abraços

Raimundo Cândido

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

NOTÍCIAS DA ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS - ALC


Caros Colegas da ALC,

Cumprimentando-os, gostariamos de contar-lhes sobre as novidades envolvendo nossa Academia:

Primeiro, que repercutiu muito bem a forma como realizamos a ultima reunião, no dia 21 de agosto.

Conforme havia sido sugerido, tivemos o momento de discussão, de 17 as 19:00hs e depois um momento cultural com coquetel, que deveria perdurar até às 21:00hs. Mas foi tão bom que ficamos confraternizando até proximo de meia noite. Alguns colegas que tinham compromisso cedo saíram e retornaram, trazendo familiares! Lá, recitamos, cantamos e nos divertimos debaixo do luar e das estrelas. Estamos de Parabens!

A proxima reunião, por certo, será melhor ainda! e já tem data marcada: será no dia 18 de outubro, terceiro sabado do mês. peço a gentileza de nos organizarmos para comparecer.

A segunda novidade é que já temos nossa SEDE. Fica na Rua do Instituto Santa Inês, 231. Vizinho ao antigo posto do INAMPS, atrás do Colegio Lourenso Filho. Todos estão convidados a conhecer o nosso novo Espaço, bem como contribuir com a "arrumação"!

Por fim, segue anexa a proposta de Ata da última reunião, para conhecimento de todos. Muitas decisões importantes foram tomadas, destacando-se:

- A decisão de publicarmos a primeira antologia da ALC, ainda este Ano de 2010;

- A abertura de inscrições para preenchimento das vagas remanescentes de Socio Efetivo da ALC.

Lembramos a todos que, no proximo sábado, as 10:00h, nossa diretoria se reunirá com a SABi para tratar da parceria das duas entidades em torno da SEDE. Os membros da diretoria da ALC estão convocados a comparecerem. Os demais membros tambem podem participar. Será importante a presença de todos.

Saudações Literárias

Elias de França
Presidente

ATA DE REUNIÃO DA ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS – ALC, DIA 21/08/2010

Aos 21 (vinte e um) dias do mês de agosto de 2010 (dois mil e dez), reuniram-se, em caráter ordinário, a maioria absoluta dos membros efetivos da ALC, às 17:00h, na Sede do Sindicato dos Professores da Rede Publica Municipal de Crateús, para discutir e encaminhar pauta, conforme se segue. Inicialmente o Presidente abre a pauta da reunião e dá a palavra à Sra. Marta Áurea, para que esta professe o motivo da sua presença que consiste em convidar a Academia para um evento (Exposição Resgate Histórico de Piranhas à Crateús) do Centro de Educação de Jovens e Adultos – CEJA, que ocorrerá nos dias vinte e seis e vinte sete deste. Deseja a mesma o apoio da Academia de Letras e explica sobre de que forma a ALC poderia contribuir. Raimundo Cândido reforça a importância da presença dos acadêmicos nesse evento e fala da programação, ressaltando que haverá um café literário nesse evento, destaca a presença dos acadêmicos, se possível, no que diz respeito ao cerimonial do evento. Elias de França, Flávio Machado e Éricson Fabrício se dispõem a apoiar o evento na medida do possível. Elias de França indaga a possibilidade dos acadêmicos estarem presentes no “Café Literário”. Adriana Calaça e Maria da Conceição (Nêga), sugerem a distribuição dos acadêmicos em horários diferenciados. Boa parte dos acadêmicos marcam a presença, exceto Dideus Sales, Júnior Bonfim e Edmilson Lopes, que possivelmente não estarão. Em seguida, Elias de França enfatiza a participação da Karla Gomes que auxiliou os acadêmicos a modificar o estilo das reuniões e não nos prendermos a tantas formalidades. O presidente nos cita a necessidade da Academia de possuir uma sede própria e relata as tentativas que foram feitas em se alugar o prédio, e pontua as dificuldades encontradas em conquistar tal feito. Destaca ainda o último encontro que a diretoria teve com a gestão municipal acerca de outras questões, tais como a reação ao propósito de demolição da Biblioteca Municipal, oportunidade em que o assunto da Sede da ALC tambem foi tratado. Aproveita e fala que haveria a necessidade de encontrarmos novamente a gestão na intenção de discutir a carência de logradouros para a execução de projetos culturais e para funcionamentos das instituições promotoras de cultura, já que tais dificuldades são de responsabilidade pública. Karla Gomes informa que possivelmente a reunião ocorrerá na próxima quarta-feira (dia vinte e cinco de agosto), isto pela parte da tarde. Mantendo a mesma linha de informações o presidente informa aos acadêmicos presentes sobre as premiações que Elias de França, Lourival Veras e Lucas Evangelista e Raimundo Cândido (acadêmicos) conquistaram nos Editais Literários que os mesmos participaram. Após as discussões e opiniões acerca da pauta exposta, Júnior Bonfim sugere que os acadêmicos poderiam publicar uma “Antologia” e tal ideia foi muito bem aceita pelos membros presentes. Firmou-se o compromisso de cada acadêmico produzir um memorial de seu patrono, um breve histórico seu e uma produção, seja esta um conto, um artigo, um poema, etc. Foi nomeada, então, uma comissão de editoração da primeira antologia da ALC, que se encarregará de recolher, organizar e encaminhar providências para o processo editorial, composta dos confrades: Dideus, Nega e Ericson. Adiante, Edmilson toma a palavra e trata sobre sua intenção de lançar um cd e um livro, ambos com suas poesias. Por último, o presidente enfatiza a questão do ingresso de novos membros na Academia. Os membros presentes apontam diversos nomes de escritores que externaram o desejo de ingressar na Academia. Sugeriu-se que as vagas em aberto fossem preenchidas mediante convocação pública, veiculada no jornal “Gazeta do Centro Oeste”, de forma que, democraticamente, os interessados pudessem se candidatar e apresentar seus currículos e sua proposta de filiação, que seriam submetidos a aprovação dos atuais membros, conforme reza o Estatuto da Entidade, ideia esta aprovada por unanimidade. Encerrando-se a reunião os membros se reuniram para uma pequena confraternização. Por fim, eu, Éricson Fabrício Alves Vieira da Silva, como secretário, lavrei a presente ata, que será assinada por quem de direito.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A ARTE DE SABER OUVIR!

Uma de nossas maiores dificuldades é saber ouvir. E isso ocorre tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. Independentemente do ambiente, o fato é que, normalmente, não ouvimos o que os outros nos dizem.

A causa desse problema é que pensamos mais rápido do que ouvimos e, portanto, desviamos nossa atenção. Assim, formulamos respostas sobre o que está sendo dito antes mesmo de o interlocutor concluir seu raciocínio. Resultado: acabamos não ouvindo de fato o que o outro tem a nos dizer.

No entanto, existem algumas técnicas de escuta ativa que podem ajudar. Uma delas é se aproximar do interlocutor, mas sem, é claro, invadir seu espaço. Emitir sinais de confirmação do recebimento da mensagem, como “hum”, "aham”, “sim”, “ok”, também é útil. Outra dica é usar expressões faciais que mostrem ao interlocutor que você está atento.

Ok, mas isso não significa que você irá ouvir a pessoa. Ouvir é um exercício de autoconsciência. Não adianta demonstrar uma expressão facial ou emitir um sinal sonoro se você não estiver prestando atenção. Se você estiver “aéreo”, um mero barulho pode ser um ponto de distração e lá se foi o saber ouvir.

O que você deve fazer, então, é trabalhar a sua concentração, aumentando
sua autoconsciência. Procure o seu jeito de “fechar” os outros sentidos humanos quando estiver ouvindo. É uma questão de prática. Cada um tem o seu jeito de se concentrar. O meu, por exemplo, é fixar o olhar nos olhos do meu interlocutor. Não deixo meu olhar se desviar para nada. Dessa maneira, consigo me concentrar e assimilar o que está sendo dito.

É fácil? Não, não é. Mas praticar a escuta ativa e realmente ouvir pode transformar sua vida profissional e pessoal.


(Fonte: Selem, Bertozzi & Consultores Associados)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

LULA REBAIXA A CIDADANIA

O mais espantoso na atuação do presidente Lula no episódio das quebras múltiplas de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, até mesmo a filha do candidato tucano à Presidência da República, é como ele manipula seus seguidores, explorando-lhes a boa-fé e, sobretudo, a ignorância.

José Serra lamentou que Lula tenha “debochado de coisa séria” quando fez análises nada republicanas sobre o episódio. Segundo o presidente, em cima de um palanque, o episódio não passa de “futrica”, e o candidato do PSDB “está nervoso” com a previsão de derrota e está usando sua família “para se fazer de vítima”.

Seriam comentários ofensivos à cidadania, partidos de um presidente que deveria ser imparcial quando o assunto são as garantias dos direitos individuais dos cidadãos, sejam eles petistas ou não, lulistas ou não.

Mas o mais grave, do ponto de vista da manipulação do eleitorado, está na frase que jogou no ar como se fosse um desafio: “Cadê esse tal de sigilo que ninguém viu?”

O presidente Lula se utiliza assim da dificuldade que o brasileiro comum tem de compreender os meandros da disputa política, muito mais quando se trata de questões técnicas ligadas a computadores e senhas eletrônicas, para tentar desmoralizar a questão, reduzindo-a a uma “futrica” de perdedor.

Se o tal do “sigilo” não apareceu, é porque não existe, quer levar a crer o nosso nada republicano presidente.

É conhecida a piada que circula entre os petistas segundo a qual Lula teria dito que essa questão de dossiê não abala seu eleitorado, pois eles não sabem o que quer dizer a palavra, e muitos a confundem com “doce”.

Há também o raciocínio segundo o qual como apenas 40 milhões de brasileiros de- claram o Imposto de Renda, a imensa maioria dos eleitores não estaria preocupada com o assunto.

Para se ter uma noção do que esse raciocínio perverso embute, dos 130 milhões de eleitores, cerca de 60% são formados por analfabetos, analfabetos funcionais ou pessoas que não completaram o ensino fundamental.

Ora, a esta altura dos acontecimentos, todo cidadão de boa-fé e minimamente informado sabe que os dados colhidos em diversas instâncias da Receita Federal, em várias partes do país, estão espalhados em diversos documentos que circularam no comitê da candidata oficial Dilma Rousseff.

Não foram usados formalmente, nem nunca seriam, pois trata-se de material ilegal. Mas estão sendo espalhados há muito tempo em diversos blogs e continuam sendo usados com insinuações contra as vítimas dos atentados.

A própria candidata Dilma Rousseff, abusando da inteligência de seus interlocutores e seguindo por um caminho perigoso, insinuou em entrevista coletiva que os dados levantados sobre Verônica Serra seriam usados por membros do próprio PSDB contra Serra, que àquela altura ainda disputava com o ex-governador de Minas Aécio Neves a escolha do partido para concorrer à Presidência da República.

Os petistas engendraram uma pseudoexplicação que culpa a vítima, e Dilma se en-carregou de tornar essa intriga em fato de campanha na sua entrevista.

A disputa entre Serra e Aécio seria a verdadeira origem do tal dossiê, que eles negavam existir e agora, diante das evidências, querem jogar no colo de Aécio Neves, numa mesquinha tentativa de confundir os eleitores.

Mais uma vez coube à chamada grande imprensa, para ódio dos governistas e seus blogueiros chapas-brancas, demonstrar que essa versão não se sustenta.

Tanto os acessos em Santo André quanto os de Formiga, em Minas Gerais, foram feitos por pessoas filiadas ao PT, o que deixa evidente o caráter político das quebras de sigilo.

Essa é uma prática comum ao Partido dos Trabalhadores e tem uma longa história, desde quando o partido era de oposição, mas já mantinha nos principais órgãos públicos uma grande influência graças aos sindicalistas enfronhados na máquina pública.

Na oposição os petistas usavam seu poder de quebrar sigilos e de conseguir documentos para fazer denúncias contra o governo de Fernando Henrique Cardoso.

No governo, montaram uma máquina de informações não apenas para difundir notícias falsas sobre seus adversários como para usar as informações como arma política de chantagem nas negociações de bastidores.

O cérebro desse esquema de informações paralelo e ilegal foi o ex-ministro e deputado federal cassado José Dirceu, que se vangloria até hoje dos métodos que aprendeu quando esteve exilado em Cuba.

(Por Merval Pereira, no Jornal O GLOBO)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

HUMOR POLÍTICO



O GOVERNANTE ANTES DA POSSE


Nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais.
para alcançar nossos ideais
Mostraremos que é grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo de nossa ação.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos nossos propósitos mesmo que
os recursos económicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.


DEPOIS DA POSSE:

Basta ler o texto, DE BAIXO PARA CIMA....


(Enviado por Alessandro Magno)

domingo, 5 de setembro de 2010

DEMOCRACIA EM RISCO

Vivemos uma fase de democracia virtual. Não no sentido da utilização dos meios eletrônicos e da web como sucedâneos dos processos diretos, mas no sentido que atribui à palavra “virtual” o dicionário do Aurélio: algo que existe como faculdade, porém sem exercício ou efeito atual.

Faz tempo que eu insisto: o edifício da democracia, e mesmo o de muitas instituições econômicas e sociais, está feito no Brasil. A arquitetura é bela, mas, quando alguém bate à porta, a monumentalidade das formas institucionais desfaz-se em um eco que indica estar a casa vazia por dentro.

Ainda agora a devassa da privacidade fiscal de tucanos e de outras pessoas mais mostra a vacuidade das leis diante da prática cotidiana. Com a maior desfaçatez do mundo, altos funcionários, tentando elidir a questão política – como se estivessem tratando com um povo de parvos –, proclamam que “não foi nada não; apenas um balcão de venda de dados...”.

E fica o dito pelo não dito, com a mídia denunciando, os interessados protestando e buscando socorro no Judiciário, até que o tempo passe e nada aconteça.

Não tem sido assim com tudo o mais? O que aconteceu com o “dossiê” contra mim e minha mulher feito na Casa Civil da Presidência, misturando dados para fazer crer que também nós nos fartávamos em usar recursos públicos para fins privados?

E os gastos da atual Presidência não se transformaram em “secretos” em nome da segurança nacional? E o que aconteceu de prático? Nada. Estamos todos felizes no embalo de uma sensação de bonança que deriva de uma boa conjuntura econômica e da solidez das reformas do governo anterior.

No momento do exercício máximo da soberania popular, o desrespeito ocorre sob a batuta presidencial.

Nas democracias, é lógico e saudável que os presidentes e altos dirigentes eleitos tomem partido e se manifestem em eleições.

Mas é escandalosa a reiteração diária de posturas político-partidárias, dando ao povo a impressão de que o chefe da nação é chefe de uma facção em guerra para arrasar as outras correntes políticas.

Há um abismo entre o legítimo apoio aos partidários e o abuso da utilização do prestígio do presidente, que além de pessoal é também institucional, na pugna política diária.

Chama a atenção que nenhum procurador da República, nem mesmo candidatos ou partidos, haja pedido o cancelamento das candidaturas beneficiadas, senão para obtê-lo, ao menos para refrear o abuso. Por que não se faz? Porque pouco a pouco estamos nos acostumando que é assim mesmo.

Na marcha em que vamos, na hipótese de vitória governista – que ainda dá para evitar – incorremos no risco futuro de vivermos uma simulação política ao estilo do PRI mexicano – se o PT conseguir a proeza de ser “hegemônico” – ou do peronismo, se mais do que a força de um partido preponderar a figura do líder.

Dadas as características da cultura política brasileira, de leniência com a transgressão e criatividade para simular, o jogo pluripartidário pode ser mantido na aparência, enquanto na essência se venha a ter um partido para valer e outro(s) para sempre se opor, como durante o autoritarismo militar.

Pior ainda, com a massificação da propaganda oficial e o caudilhismo renascente, poderá até haver anuência do povo e a cumplicidade das elites para com essa forma de democracia quase plebiscitária.

Aceitação pelas massas na medida em que se beneficiem das políticas econômico-sociais, e das elites porque estas sabem que neste tipo de regime o que vale mesmo é uma boa ligação com quem manda.

O “dirigismo à brasileira”, mesmo na economia, não é tão mau assim para os amigos do rei ou da rainha.

É isso que está em jogo nas eleições de outubro: que forma de democracia teremos, oca por dentro ou plena de conteúdo. Tudo mais pesará menos.

Pode ter havido erros de marketing nas campanhas oposicionistas, assim como é certo que a oposição se opôs menos do que deveria à usurpação de seus próprios feitos pelos atuais ocupantes do poder.

Esperneou menos diante dos pequenos assassinatos às instituições que vêm sendo perpetrados há muito tempo, como no caso das quebras reiteradas de sigilos.

Ainda assim, é preciso tentar impedir que os recursos financeiros, políticos e simbólicos reunidos no Grupão do Poder em formação tenham força para destruir não apenas candidaturas, mas um estilo de atuação política que repudia o personalismo como fundamento da legitimidade do poder e tem a convicção de que a democracia é o governo das leis e não das pessoas.

Estamos no século 21, mas há valores e práticas propostos no século 18 que foram se transformando em prática política e que devem ser resguardados, embora se mostrem insuficientes para motivar as pessoas. É preciso aumentar a inclusão e ampliar a participação.

É positivo se valer de meios eletrônicos para tomar decisões e validar caminhos. É inaceitável, porém, a absorção de tudo isso pela “vontade geral” encapsulada na figura do líder. Isso é qualquer coisa, menos democracia.

Se o fosse, não haveria por que criticar Mussolini em seus tempos de glória, ou o Getúlio do Estado Novo (que, diga-se, não exerceu propriamente o personalismo como fator de dominação) e assim por diante.

É disso que se trata no Brasil de hoje: estamos decidindo se queremos correr o risco de um retrocesso democrático em nome do personalismo paternal (e, amanhã, quem sabe, maternal).

Por mais restrições que alguém possa ter ao encaminhamento das campanhas ou mesmo a características pessoais de um ou outro candidato, uma coisa é certa: o governismo tal como está posto representa um passo atrás no caminho da institucionalização democrática.

Há tempo ainda para derrotá-lo. Eleição se ganha no dia.



(Por Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República)