sábado, 31 de janeiro de 2009

OBSERVATÓRIO



Recebi, outro dia, um telefonema de um amigo de Crateús, que foi logo disparando: - “Eita, Júnior, como o Prefeito está desgastado! Mal começou a administração e já tem um montão de gente frustrada. O homem dizia uma coisa e está fazendo outra”. Referia-se o amigo sobre o início de gestão do atual Prefeito Carlos Felipe. Convenhamos: essa película já foi exibida várias vezes. Qual a razão dessa permanente alternância de amor e ódio, paixão e desilusão, astres e desastres, empolgação e frustração que há dominado a atmosfera política local?!


MEA CULPA

Antes de qualquer coisa, quero realizar o meu ato penitencial: já fui ator resoluto no jogral da política local. Já participei, até como roteirista, de muitos e equivocados enredos. Se atuei, como trovador, dessa lira desafinada, acho que posso falar com um mínimo de propriedade sobre o tema.

DISTINÇÃO NECESSÁRIA

Penso que, enquanto tivermos dificuldade de distinguir, na fruta da vida, o miolo da casca, ou seja, a aparência da essência, vamos continuar amargando essas desventuras. Certa feita, em entrevista de rádio, mencionei que em Crateús estava na hora de firmarmos um pacto relacional e suplantarmos esse maniqueísmo e essa hipocrisia entre os grupos políticos locais de um se julgar melhor ou superior ao outro, até porque todos já estiveram juntos em mesmo palanque. Ou melhor: todo mundo já esteve no tablado de todo mundo.

1988

Se lançarmos o olhar, por exemplo, sobre as duas últimas décadas, vamos ter a confirmação dessa assertiva. Em 1988, dois nomes magnetizavam a disputa: Zé Almir e Rezende Filho. Zé Almir era, à época, o ‘novo’ e fez uma campanha virulenta contra o ‘filhote de coronel’ Rezende Filho. O que ninguém ressaltava era que, ambos, haviam militado juntos na Arena Preta, comandada pelo tio do primeiro e pelo pai do segundo.

1992

Em 1992, Nenzé polarizou a refrega com Marcelo Machado. Ambos, também, eram correligionários no PMDB até poucos anos antes.

1996

Caso similar ocorreu em 1996: Paulo Nazareno, apoiado pelas grandes lideranças locais, guerreou com Zé Maria Pedreiro, seu antigo colega de militância partidária.

2000

Em 2000, Zé Almir e Nenzé, que haviam pedido votos para Paulo Nazareno quatro anos antes, disputaram com este o comando do Paço Municipal.

2004

Em 2004, foi a vez de Paulo Nazareno suplicar o sufrágio popular para Carlos Felipe, que acabou sofrendo um revés para Zé Almir.

2008

Em 2008, Carlos Felipe se elege contra o deputado Nenen Coelho, por quem havia peregrinado pedindo votos dois anos antes.

O DEPOIS

É sempre assim: uma hora, amigos, hinos de aclamação; outra hora, inimigos, gritos de rejeição. Nessa última eleição, o doutor Carlos Felipe se vendeu como o puro, o incorruptível, o imaculado, o inatingível, o transformador, o “novo”. Em forma de avalanche, a grande maioria do povo, muito mais cansada das velhas lideranças do que sedenta de práticas efetivamente saudáveis e revolucionárias de condução da máquina pública, apostou nele. E o que vemos? Mais uma vez, o vírus da frustração se alastrando...

O MIOLO

Por quê? Porque olhamos apenas para a casca da fruta e não para o miolo. Olhamos para a aparência e não para a essência. Urge entendermos que a raiz da questão não está fora, mas dentro. Dentro de cada um de nós. Antes de lançarmos petardos contra a malversação do dinheiro público, devemos nos interrogar se somos verdadeiramente corretos com o que o pouco que nos toca administrar. Impende indagarmos: no lugar de outrem, seríamos diferentes?! Enquanto não entendermos que a mudança do mundo começa, primeiro, na alma, no miolo, na consciência de cada um de nós, sempre estaremos transferindo culpas - depositando nos outros minas de esperança e depois, não raro, soltando larvas de maldição e explodindo bombas de frustração. Temos que seguir aquele conselho do lar: o bom exemplo começa de casa.


PARA REFLETIR

A mãe trouxe seu filho ao Mahatma Gandhi. Ela implorou: - “Por favor, Mahatma. Diga ao meu filho que ele pare de comer açúcar”. Gandhi fez uma pausa e disse: - “Traga seu filho de volta em duas semanas”. Confusa, a mulher agradeceu e disse que faria o que o Mahatma pediu. Duas semanas mais tarde, ela retornou com seu filho. Gandhi olhou o jovem nos olhos e disse: - “Pare de comer açúcar”. Agradecida, mas inconformada, a mulher perguntou: - “Mahatma, por que o senhor me pediu para trazê-lo em duas semanas? O senhor poderia ter dito a ele, como fez agora, há duas semanas atrás”. Gandhi respondeu: - “Duas semanas atrás, eu estava comendo açúcar”.

(Júnior Bonfim, in Gazeta do Centro Oeste)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

HÁ 61 ANOS O MUNDO PERDIA GANDHI - UM DOS SEUS MAIS ILUMINADOS SERES



Mohandas Karamchand Gandhi, mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi ("Mahatma", do sânscrito "A Grande Alma") (Nova Déli, 2 de Outubro de 1869 — Nova Déli, 30 de Janeiro de 1948) foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.

O princípio do satyagraha, freqüentemente traduzido como "o caminho da verdade" ou "a busca da verdade", também inspirou gerações de ativistas democráticos e anti-racismo, incluindo Martin Luther King e Nelson Mandela. Freqüentemente Gandhi afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa).

PRINCÍPIOS

A filosofia de Gandhi e suas idéias sobre o satya e o ahimsa foram influenciadas pelo Bhagavad Gita e por crenças hindus e da religião jainista. O conceito de 'não-violência' (ahimsa) permaneceu por muito tempo no pensamento religioso da Índia e pode ser encontrado em diversas passagens do textos hindus, budistas e jainistas. Gandhi explica sua filosofia como um modo de vida em sua autobiografia A História de meus Experimentos com a Verdade (As Minhas Experiências com a Verdade, em Portugal) - (The Story of my Experiments with Truth).

Estritamente vegetariano, escreveu livros sobre o vegetarianismo enquanto estudava direito em Londres (onde encontrou um entusiasta do vegetarianismo, Henry Salt, nos encontros da chamada Sociedade Vegetariana). Ser vegetariano fazia parte das tradições hindus e jainistas. A maioria dos hindus no estado de Gujarat eram-no, efetivamente. Gandhi experimentou diversos tipos de alimentação e concluiu que uma dieta deve ser suficiente apenas para satisfazer as necessidades do corpo humano. Jejuava muito, e usava o jejum freqüentemente como estratégia política.

Gandhi renunciou ao sexo quando tinha 36 anos de idade e ainda era casado, uma decisão que foi profundamente influenciada pela crença hindu do brachmacharya, ou pureza espiritual e prática, largamente associada ao celibato. Também passava um dia da semana em silêncio. Abster-se de falar, segundo acreditava, lhe trazia paz interior. A mudez tinha origens nas crenças do mouna e do shanti. Nesses dias ele se comunicava com os outros apenas escrevendo.
O título de Mahatma atribuído a Gandhi representa um reconhecimento de seu papel como líder espiritual.
Depois de retornar à Índia de sua bem-sucedida carreira de advogado na África do Sul, ele deixou de usar as roupas que representavam riqueza e sucesso. Passou a usar um tipo de roupa que costumava ser usada pelos mais pobres entre os indianos. Promovia o uso de roupas feitas em casas (khadi).

Gandhi e seus seguidores fabricavam artesanalmente os tecidos da própria roupa e usavam esses tecidos em suas vestes; também incentivava os outros a fazer isso, o que representava uma ameaça ao negócio britânico - apesar dos indianos estarem desempregados, em grande parte pela decadência da indústria têxtil, eles eram forçados a comprar roupas feitas em indústrias inglesas. Se os indianos fizessem suas próprias roupas, isso arruinaria a indústria têxtil britânica, ao invés de fortalecê-la.

O tear manual, símbolo desse ato de afirmação, viria a ser incorporado à bandeira do Congresso Nacional Indiano e à própria bandeira indiana.

Também era contra o sistema convencional de educação em escolas, preferindo acreditar que as crianças aprenderiam mais com seus pais e com a sociedade. Na África do Sul, Gandhi e outros homens mais velhos formaram um grupo de professores que lecionava diretamente e livremente às crianças.

Dentro do ideal de paz e não-violência que ele defendia, uma de suas frases foi: "Não existe um caminho para paz! A paz é o caminho!".

MORTE

Gandhi havia iniciado um jejum no dia 13 de janeiro de 1948 em protesto contra as violênicas cometidas por indianos e paquistaneses. No dia 20 daquele mês, ele sofreu um atentado: uma bomba foi lançada em sua direção, mas ninguém ficou ferido.

Entretanto, no dia 30 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado a tiros, em Nova Déli, por Nathuram Godse, um hindu radical que responsabilizava Gandhi pelo enfraquecimento do novo governo ao insistir no pagamento de certas dívidas ao Paquistão. Godse foi depois julgado, condenado e enforcado, a despeito do último pedido de Gandhi que foi justamente a não-punição de seu assassino.
O corpo do Mahatma foi cremado e suas cinzas foram jogadas no rio Ganges.
É significativo sobre a longa busca de Gandhi por seu deus o fato de suas últimas palavras serem um mantra popular na concepção hindu de um deus conhecido como Rama: "Hai Ram!" Este mantra é visto como um sinal de inspiração tanto para o espírito quanto para o idealismo político, relacionado a uma possibilidade de paz na unificação.

CRONOLOGIA




1869 Nasce no dia 2 de outubro de na Índia ocidental.

1891 Forma-se em direito em Londres volta para a Índia a fim de praticar a advocacia.

1893 Vai para a África do Sul, também colônia britânica, onde inicia o movimento pacifista, lutando pelos direitos dos hindus.

1914 Volta à Índia e difunde seu movimento, cujo método principal é a resistência passiva. Nega colaboração com o domínio britânico e prega a não violência como forma de luta.

1922 Organiza uma greve contra o aumento de impostos, na qual uma multidão queima um posto policial.

1924 Detido, declara-se culpado e é condenado à seis anos, mas sai da prisão.

1930 Gandhi viaja a Londres para pedir que a Inglaterra conceda independência à Índia. Lá, visita bairros operários. Lidera marcha para o mar, quando milhares de pessoas andam mais de 320 quilômetros a pé, para protestar contra os impostos sobre o sal.

1942 O governo inglês manda para Nova Delhi Sir Stafford Cripps, com a missão de negociar com Gandhi. As propostas que Sir Cripps traz são inaceitáveis para Gandhi, que deseja independência total. Gandhi retoma a campanha pela desobediência civil. Desta vez é preso e condenado a dois anos de cadeia. Quando Lord Louis Mountbatten torna-se vice-rei, aproxima-se de Gandhi e nasce, entre Gandhi, Lord e Lady Mountbatten, uma grande amizade.

1947 No verão de 1947, a hostilidade entre hindus e muçulmanos atinge o auge do fanatismo. Nas ruas há milhares de cadáveres. Os muçulmanos reivindicam um Estado independente, o Paquistão. Gandhi tenta restabelecer a paz dando início a uma décima-quinta greve de fome. O sacrifício pessoal de Gandhi e sua firmeza conseguem o que nem os políticos nem o exército conseguira: a Índia conquista sua independência e é criado o Estado muçulmano do Paquistão.

1948 Em 30 de janeiro de 1948, Gandhi morre assassinado por um hindu. Estava com 78 anos. Lord e Lady Mountbatten, ao lado de um milhão de indianos, comparecem ao funeral. Suas cinzas são lançadas às águas sagradas do Rio Jumna.

FRASES



"A única revolução possível é dentro de nós.”

"Creio poder afirmar, sem arrogância e com a devida humildade, que a minha mensagem e os meus métodos são válidos, em sua essência, para todo o mundo.”

"A minha vida é um Todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns nos outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda a humanidade.”

"Não desejo morrer pela paralisia progressiva das minhas faculdades como um homem vencido. A bala de um assassino poderia por fim a minha vida. Acolhe-la-ia com alegria”


"A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos como uma toda a família humana. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião.”


"O meu patriotismo não é exclusivo. Engloba tudo. Eu repudiaria o patriotismo que procurasse apoio na miséria ou na exploração de outras nações. O patriotismo que eu concebo não vale nada se não se conciliar sempre, sem exceções, com o maior bem e a paz de toda a humanidade.”

"Acredito na essencial unidade do homem, e portanto na unidade de todo o que vive. Desse modo, se um homem progredir espiritualmente, o mundo inteiro progride com ele, e se um homem cai, o mundo inteiro cai em igual medida.”


"A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo. Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de realizar, se assim queremos.”


"Mas creio que a não-violência é infinitamente superior à violência, o perdão é mais nobre que a punição. O perdão enobrece um soldado. Mas a abstenção só é perdão quando há o poder para punir; não tem sentido quando pretende proceder de uma criatura desamparada. Um camundongo dificilmente perdoa um gato que o dilacera. Compreendo os sentimentos daqueles que clamam pela punição condigna do General Dyer e outros iguais. Haveriam de esquartejá-lo, se pudessem. Mas não creio que a Índia seja desamparada. Não me considero uma criatura desamparada. Apenas quero usar a força da Índia e a minha própria para um propósito melhor.”


"Só quando se vêem os próprios erros através de uma lente de aumento, e se faz exatamente o contrário com os erros dos outros, é que se pode chegar à justa avaliação de uns e de outros.”

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

HOJE É O DIA DO JORNALISTA!



Escrevo uma Coluna para o Jornal GAZETA DO CENTRO OESTE e outra para a Revista GENTE DE AÇÃO.

Via de regra, só posto neste Blog as matérias que escrevo para esses dois periódicos no dia em que estão sendo veiculados.

Sucede que, hoje, peço permissão para abrir uma exceção. É O DIA DO JORNALISTA. E o escolhido para enfeitar a Coluna GENTE QUE BRILHA, da Revista GENTE DE AÇÃO deste mês, é um escriba que me honra tributar essa modesta deferência.

CÉSAR VALE



No dia 30 de novembro de 1895, ao proferir mais uma de suas primorosas peças de oratória, em solenidade realizada no maior órgão de imprensa à época – o Jornal do Comércio - Ruy Barbosa assim inicia: “SENHORES: Em um desses processos famosos, cujos autores a história arquiva, o interrogatório começou por este diálogo entre o réu e o presidente do tribunal: ‘- Acusado, vosso nome? - Francisco Renato, Visconde de Chateaubriand. – Vossa profissão? – Jornalista. ’ É deste modo que se qualificava, em 1833, à barra do júri, o grande poeta, o grande artista, o grande regenerador literário, o maior dos modernos escritores franceses, o homem que escrevera O Gênio do Cristianismo, traduzira Milton e arrostara Bonaparte. Tão múltipla era a sua atividade, em tantas esferas da inteligência era primaz o escritor, o historiador, o diplomata, o administrador, o antigo par de França, tantos títulos tinha, e de todos se esqueceu, para se condecorar, perante os seus juízes, com o de simples jornalista”.

Fazia Ruy esse intróito para externar o frescor de encanto que o sacudia por se encontrar na condição de confrade no círculo ilustre dos homens de imprensa de sua geração, mercê da distinção que lhe era conferida. Três foram os púlpitos em que o genial baiano forjou sua trajetória: nas páginas da Imprensa, nas barras dos Tribunais e na Tribuna do Congresso. A Liberdade, o Direito e a Justiça foram a trinca de unidade que abrasou sua vida laboriosa. De todas, porém, o jornalismo era a estrela mais radiosa: "E jornalista é que eu nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre, e este resto de liberdade nos indicar que a pátria respira".

Dedilho estas sílabas sob a envolvente brisa da Serra das Matas, onde estou por dever de ofício. Aqui, no antigo Arraial da Telha, hoje Monsenhor Tabosa, nasceu em 07 de outubro de 1939, filho de Antônio do Vale Filho e Ignez Aguiar Vale, um jornalista de nome nobre e filiado à plêiade de Chateaubriand e Ruy: Sebastião César Aguiar Vale!

Em verdade, pouco tempo depois do seu nascimento, a família foi residir em Crateús, cidade que o acolheu como filho e à qual está sentimental e literalmente filiado. Na terra do Senhor do Bonfim, desfrutou os anos doirados da infância, brincando de jogar pião e castanha, pega-pega, “mãos ao alto”, pitéu recheado de cera de abelha e enfeitado com tampinhas de refrigerantes e muitas outras travessuras. Teceu o linho de inúmeras amizades nessas manhãs memoráveis e armazenou, na caixa de memória da alma, fatos que hoje recompõe nas páginas da Gazeta do Centro Oeste, noticioso que compila sob a linotipia do coração e que transformou no mais longevo periódico das tórridas plagas do Poty.

Discípulo de D. José Tupinambá da Frota no Seminário de Sobral, meditou por boa estação pelos pórticos eclesiais, onde apreendeu a sabedoria monasterial e se enamorou do Latim, cujas locuções essenciais acalenta com habilidade oracular. Serviu como acólito na Igreja Matriz de Crateús quando era vigário o Padre Bonfim. Com o desassombro de um bandeirante da fé, peregrinou muitas vezes na garupa da moto do meu parente sacerdote em incursões missionárias, visitas pastorais e, em especial, para levar aos enfermos o sacramento da extrema unção, costume da época. Por falar em moto, no vigor dos seus dezessete anos um trágico episódio testaria sua força e resistência. Atropelado por uma motocicleta na Praça do Mercado, próximo à atual Rádio Educadora, amargou pesado choque em uma das pernas, que foi fraturada em três partes. Encaminhado para Fortaleza, em 1957, ficou meses internado na antiga Policlínica sem conseguir a reabilitação. Para agravar a situação, os seus rins foram seriamente afetados por enormes cálculos renais. Teve que buscar auxílio médico no Hospital das Clínicas, na cidade de São Paulo, onde permaneceu por um ano. Nesse hospital, enfrentou duas cirurgias: uma nos rins - que lhe deixou uma marca permanente - e outra na perna fraturada, inclusive com enxerto no calcanhar. Como um indomável guerreiro, de tudo se reergueu altivo para sorver o cálice da superação.

Em Fortaleza, onde se estabeleceu depois dessa batalha, laborou por muitos anos em atividades comerciais e se bacharelou em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará. Seu pendor jornalístico reluziu nas páginas do renomado Jornal O Povo.

Desde que retornou a Crateús, com um cetro de bravura, resistência e heroísmo mantém de pé o Jornal GAZETA DO CENTRO OESTE, circulando quinzenalmente pelos mais longínquos rincões da nossa pátria verde-amarela, azul e branca. Já enfrentou pesadas tempestades. Sua pena, não raro, vira uma peixeira afiada para lavar a honra da cidadania aviltada ou uma simples palha de carnaúba, que desdenha com incomparável ironia a arrogância fútil dos espíritos medíocres.

Degustador de vinhos e livros, aprecia a boa prosa e o convívio fraterno, sobretudo com a família. Do primeiro enlace matrimonial com Leda Montenegro Vale (in memorian), é pai de Maria Tereza, Claudio César e Danielle. Com Leudinha, atual esposa, rejuvenesceu o coração ao ver nascer Tereza Danielle, que enche de enlevo o cotidiano do casal.

Ave, César, militante da audácia, imperador da fortuna que a traça não corrói, atleta que conduz a pira olímpica do jornalismo combatente, oleiro que manuseia a argila preciosa do pensamento libertário, talentoso escriba das sílabas independentes! Ave, César, conserva teu reino: uma invisível gleba de terra, escriturada em papel real e virtual, que acolhe o brado do mundo e faz germinar gitiranas de luz!

(Por Júnior Bonfim, publicado na edição de Janeiro/09 da Revista GENTE DE AÇÃO)

NOVOS DIRIGENTES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ TOMAM POSSE HOJE



Os novos gestores do Poder Judiciário cearense serão empossados nesta quinta-feira, 29, às 15h30, durante sessão do Tribunal Pleno. Assumem os desembargadores Ernani Barreira Porto (Presidência do Tribunal de Justiça); José Arísio Lopes da Costa (Vice-Presidente); e João Byron de Figueiredo Frota (Corregedoria-Geral da Justiça).

Os três magistrados foram eleitos no dia 18 de dezembro de 2008 e terão mandato durante o biênio 2009-2011. Na data, ficam encerrados os mandados dos desembargadores Fernando Ximenes (Presidente), Rômulo Moreira de Deus (Vice-Presidente e Diretor do Fórum Clóvis Beviláqua), e José Cláudio Nogueira Carneiro (Corregedor-Geral da Justiça).

Antes da solenidade de posse, às 9 horas, na Catedral Metropolitana de Fortaleza, haverá missa em Ação de Graças aos novos dirigentes do Poder Judiciário Estadual. A transmissão dos cargos de Vice-Presidente do Tribunal de Justiça e do Corregedor-Geral da Justiça ocorrerá na sexta-feira, dia 30, às 16 horas. A posse do magistrado ocorrerá às 10 horas do próximo dia 30, sexta-feira, no 1º Salão do Júri. O mandato vai até fevereiro de 2011.

NOVO DIRETOR DO FÓRUM

Também na sexta-feira, o Juiz Francisco José Martins Câmara, titular da 9ª Vara de Família de Fortaleza, assumirá a direção do Fórum Clóvis Beviláqua, também para o biênio 2009-2011. A nomeação do juiz atende ao que determina o artigo 103 do Código de Divisão e Organização Judiciária do Estado do Ceará (Lei Estadual nº 14.258, de 4 de dezembro de 2008). A indicação do juiz Francisco Câmara foi referendada pelo Pleno do Tribunal de Justiça na sessão realizada no último dia 22 do corrente mês.

Na mesma solenidade do dia 29 tomarão posse os desembargadores Antônio Abelardo Benevides Moraes (Presidência da Comissão de Informática); Edite Bringel Olinda Alencar (presidência da Comissão de Jurisprudência e Biblioteca); Francisco Haroldo Rodrigues de Albuquerque (Presidência da Comissão de Regimento Interno e Assessoria Legislativa); Francisco Sales Neto (Presidência da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional do Estado do Ceará – Cejai).

Na sessão plenária do dia 18 de dezembro do ano passado, também foram eleitos os novos membros efetivos e suplentes do Conselho da Magistratura, que assumirão no dia da posse dos novos gestores. Os efetivos do Conselho são os desembargadores Ernani Barreira Porto (Presidente); José Arísio Lopes da Costa (Vice-Presidente); João Byron de Figueiredo Frota (Corregedor-Geral); Maria Iracema do Vale Holanda (4ª Câmara Cível), Maria Sirene de Souza Sobreira (2ª Câmara Criminal), Raimundo Eymard Ribeiro de Amoreira (1ª Câmara Criminal) e Antônio Abelardo Benevides Moraes (3ª Câmara Cível).

Os desembargadores suplentes do Conselho da Magistratura são: Luiz Gerardo de Pontes Brígido (1ª Câmara Criminal); Francisco de Assis Filgueira Mendes (2ª Câmara Cível); Lincoln Tavares Dantas (4ª Câmara Cível) e Lúcia Maria do Nascimento Fiúza Bitu (2ª Câmara Criminal).

SUCESSÃO NA APRECE: UMA MULHER PODE PRESIDIR A ENTIDADE PELA PRIMEIRA VEZ EM 40 ANOS



Pela primeira vez em 40 anos de existência, a Aprece poderá ser dirigida por uma mulher. Trata-se da prefeita Eliene Brasileiro, de General Sampaio, a 126 km da capital.

Vencido o prazo para formalização de pedidos de inscrição de chapas no último dia 19, a sucessão do atual presidente Carlos Macedo, ex-prefeito de Aurora, está definida: todos os possíveis candidatos à presidência desistiram e formou-se o consenso em torno de Eliene, pertencente ao PRB.

A eleição - que ocorrerá hoje - será, portanto, por aclamação, devendo contar com 50% mais um dos votos dos prefeitos presentes. A prefeita vai entrar para a história, pois, será a primeira vez que a entidade será dirigida por uma mulher.

Eliene Brasileiro tem a grande responsabilidade de passar a liderar, de forma impessoal, pela liturgia do cargo que assumirá, todas as reivindicações de interesse das administrações e municípios cearenses, nos próximos dois anos.

MINO CARTA FALA SOBRE LULA E CARTACAPITAL



Não falarei do Caso Battisti, embora o Febeapá continue a se enriquecer, e sim de Lula, por quem tenho, como já disse, amizade e afeto há 32 anos. Estivemos, nós de CartaCapital, a favor dele em 2002 e 2006, e estaríamos hoje, assim como estivemos contra o governo FHC desde 1994.

Reparem, contudo. A amizade é uma coisa, o apoio é outra. Não significa aprovação automática, resulta, isto sim, de um raciocínio político, o qual não deixa de ser pragmático. Por exemplo: em 2002 e 2006 entendemos que Lula era o melhor candidato. É comum no Brasil a expectativa do salvador da pátria, nós não partilhamos dela, pessimistas, ou céticos, na inteligência, e otimistas na ação, como recomendava Antonio Gramsci.

Verifico que, além dos indomáveis freqüentadores do Febeapá, temos de lidar também com os maniqueístas e os fanáticos do Apocalipse. A questão, a meu ver, não está na separação abrupta entre Bem e Mal, assim como se pretendêssemos que quem não é a favor bandoleia-se de imediato do lado oposto. Lula não foi e não é o salvador da pátria e CartaCapital jamais imaginou que poderia ser.

Esperávamos mais dele, é isso, e estamos decepcionados de muitos pontos de vista. Reconhecemos méritos do seu governo, mas o Bolsa Família é pouco demais enquanto os cofres dos ricos engordam de forma desmesurada, sem contar esse seu aspecto, se não de migalha, de esmola. CartaCapital não se afastou um milímetro da sua linha de sempre, em quinze anos de vida a serem completados logo mais, baseada na prática de um modelo de jornalismo que respeita a verdade factual, exerce o espírito crítico e fiscaliza o poder onde quer que se manifeste.

E neste blog não escrevi há algum tempo que Lula estaria disposto a apoiar a candidatura Serra em 2010. Escrevi simplesmente que de ótima fonte recebera a seguinte informação: Lula não se agastaria diante de uma vitória do governador de São Paulo. Com quem, aliás, tem boa relação.

(Do blog do Mino)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

SERRA X AÉCIO




COMECEMOS COM A FÁBULA DO FOGO.

"Ofendido porque a água na panela está colocada acima dele, o fogo, que se considera elemento superior, começa a erguer cada vez mais alto as suas chamas. Até provocar a ebulição da água que, transbordando da panela, extingue o fogo".

Muitas pessoas agem como o fogo. Consideram-se superiores, capazes de tudo. Até que, flagrados por sua própria superioridade, sucumbem ante a pressão das águas.

CONTINUEMOS COM UMA HISTORINHA DE AMOR-PRÓPRIO

"Um maltrapilho dos arredores de Madrid pedia esmolas com grande dignidade. Um transeunte lhe disse: não tens vergonha de exercer essa infame atividade quando podes trabalhar? "Senhor, respondeu o mendigo, peço-lhe esmola e não conselhos". E, tendo dito isto, deu-lhe as costas com toda a empáfia castelhana. Era um mendigo orgulhoso esse; pouca coisa bastava para ferir-lhe a vaidade. Por amor de si mesmo, pedia esmola; e ainda por amor de si mesmo não permitia que alguém lhe fizesse qualquer reprimenda. (Voltaire)

REAÇÃO INGÊNUA

Aécio Neves tomou como um atrevimento a nomeação de Geraldo Alckmin, que considerava seu aliado no tucanato, como secretário de Desenvolvimento do governo Serra. Besteira. José Serra tem o direito de nomear quem quiser. Não é com reação emocional que conseguirá abrir espaço político.

AS IDENTIDADES DE AÉCIO

Mas Aécio tem uma tríplice identidade, que deverá ajudá-lo na estratégia para viabilizar sua candidatura à presidência da República em 2010. Trata-se de um perfil com mistura de mineiro, carioca e nordestino. Governa Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, com mais de 13 milhões de eleitores; tem poder para seduzir o Rio de Janeiro, o terceiro colégio eleitoral, onde passou parte da adolescência e ainda passa boa parte do tempo de ócio; e correrá pelo vasto espaço nordestino, lembrando que o Norte de Minas – Montes Claros – integra o Nordeste e está sob a cobertura da SUDENE.

SERRA FECHA AS PORTAS

Com essas três bandas que formam o seu corpo político, Aécio não está disposto a entregar a rapadura a José Serra sem uma boa raspagem nas beiradas. Jovem, sorridente, sob o olhar matreiro do avô Tancredo e o sorriso de Juscelino Kubitschek, o governador intenciona abrir a era do pós-lulismo. Mas a intenção só será viável com seu afastamento da floresta tucana. José Serra será, inevitavelmente, o candidato do PSDB à presidência da República. Neves pode esperar, alegam os tucanos da primeira fila.

O MINEIRO E A MINEIRA

As prévias partidárias abrem a esperança de Aécio. Por isso, planeja correr o país para mobilizar o tucanato. É improvável, porém, que vença Serra nas prévias. A única alternativa que lhe restará será o PMDB. Suas chances seriam altas se fosse o candidato peemedebista apoiado por Lula. Há um porém : teria de deixar o PSDB em outubro deste ano. Decisão que não tomou conta do seu espírito. Seu guru, FHC, garante que Aécio não sairá jamais do partido. Candidato do PMDB – única alternativa com boas possibilidades – o jovem governador poderia escolher como vice a ministra Dilma Rousseff, mineira que se despachou para o Rio Grande do Sul. Uma chapa para levantar poeira. O que diriam os petistas, hein?

"Ter cem amigos é pouco; ter um só inimigo é muito" (Pensamento árabe)

A GUERRA SUCESSÓRIA

A mídia acende o pavio das desavenças. Se José Sarney levar a melhor no Senado, Michel Temer perde na Câmara. Esse é o tom corriqueiro das abordagens. Não é possível entregar ao PMDB o comando das duas Casas legislativas. É claro que essa é a versão que interessa ao PT. Que, nos bastidores, acena com a possibilidade de traição a Michel. Pois bem, este escriba defende a hipótese de que, se o PMDB perder a direção da Câmara Federal, o governo Lula começará a viver um clima de velório. Morrerá antes do tempo. O PMDB não deixaria barato essa derrota. Passaria a somar com a oposição. Por isso, o presidente Ricardo Berzoini, do PT, faz o alerta aos companheiros : vamos votar em Temer de qualquer maneira.

AS POSIÇÕES DO HOMEM

Pequena lição de Elias Canetti( Massa e Poder)
O homem, que tanto gosta de se manter ereto, também pode, sem mudar de local, sentar-se, deitar-se, acocorar-se ou ajoelhar-se. Todas estas posições, e principalmente, a transição de uma para outra, expressam algo determinado.

O ESTAR DE PÉ

O orgulho do indivíduo que está de pé é devido ao fato de estar livre e de não apoiar em coisa alguma. Talvez porque influa no fato de estar de pé a lembrança da primeira vez, que, quando criança, ele se sustentou sozinho sobre os dois pés, ou talvez porque participe disto a ideia de uma superioridade sobre os animais; o fato é que quem está de pé se sente independente.

O ESTAR SENTADO

Ao sentar-se, o homem procura a ajuda de pernas alheias que substituem aquelas duas que recebeu para ficar de pé.

O ESTAR DEITADO

Para o homem, deitar-se equivale a depor as armas.

DILMA ENTRA NA ARENA

Dilma Rousseff recebeu o sinal verde: pode começar a correr o país. Agora, andará sozinha para lapidar a imagem, fortalecer os vínculos com os partidos da base e melhorar o conhecimento sobre as realidades regionais. Rousseff acionará o gatilho do PAC por todos os lados. Quer aparecer como a gerentona de obras, a mulher capaz de botar o país para caminhar firme na trilha das crises. Logo, logo, teremos fotos com a ministra dirigindo tratores, em roupas de campanha, capacete na cabeça, sorriso aberto e muita disposição.

"A chave de ouro abre qualquer porta"(Pedro Calderón de la Barca)

FÓRUM DA CATARSE

O Fórum Social Mundial, em Belém do Pará, será o primeiro momento catártico dos governantes destas plagas sul-americanas nesse início de ano. Lula, Hugo Chávez, Evo Morales e Fernando Lugo afinarão o discurso contra o neoliberalismo opressor. E darão seu recado ao mundo: "endurô imyn lenam aiê" que, em sulamericanês das antigas, quer dizer: "fechem as porteiras do neoliberalismo sob pena de arrebentarmos com tudo". Lula, desta feita, deixa de ir ao Encontro dos Ricos – o Fórum Econômico Mundial, que começa em Davos, na Suíça – para aparecer no Encontro dos Pobres. Freqüentou por três vezes o patamar de cima; e agora completa três passeios no patamar de baixo.


"É a mulher que escolhe o homem que a escolherá" (Paul Geraldy)

E ALCKMIN, HEIN?

Mas o que restará, então, a Geraldo Alckmin, caso o governador José Serra feche posição – conforme se sabe – em torno do nome do secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, para o governo do Estado ? Uma vaga de senador está prometida a Orestes Quércia; para Alckmin sobraria a vaga de senador. Mas o Guilherme Afif, que perdeu por pouco para Suplicy, não quer ser o segundo nome da chapa senatorial? Tucanos de alta plumagem dizem que o DEM já foi bem contemplado com a Prefeitura de São Paulo. E lembram que Afif poderá ser ministro de Serra.

MINC VERSUS STEPHANES

Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, e Reinhold Stephanes, ministro da Agricultura, levaram um pito de Lula e, por enquanto, deixaram de se engalfinhar. Vivem em permanente briga. O primeiro escalão do governo Lula não prima pela integração. Há grupos em querela, núcleos disputando espaços, emboscadas por todos os lados. O presidente faz que não vê a brigalhada. Quando a coisa se torna pública, pede harmonia. A estrutura da administração é um queijo suíço. Parece, até, que Lula aprecia a equação: quanto mais divisão, mais ele soma.

GARIBALDI NA CCJ ?

Ao senador Garibaldi Alves, o senador José Sarney prometeu a presidência de uma importante Comissão do Senado. Os ex-presidentes da Casa são geralmente aquinhoados com a Comissão de Constituição e Justiça, a de maior peso. Ocorre que o DEM não pretende deixar o comando da CCJ, hoje presidida pelo senador Marco Maciel. Mas os Democratas serão contemplados com a Primeira Secretaria, responsável por um orçamento de R$ 2 bilhões, cujo comando poderá caber ao simpático senador Heráclito Fortes. Será que Sarney terá cacife para bancar todas as promessas que já fez ?

"A filha do gramático ajuntou-se e teve uma criança do gênero masculino, feminino e neutro." (Epigrama grego)

EXAGEROS MIDIÁTICOS

Nos últimos dias, situações envolvendo passageiros de Cruzeiros exibiram a face perversa da mídia, estampada em exageros sensacionalistas. Um surto de gastrenterite registrado em um navio, segundo o laudo do Laboratório Central da Bahia, foi causado por virose causada por agentes exteriores, não tendo origem em alimentos e bebidas, ao contrário do divulgado. Noutro caso, uma senhora de 74 anos sofreu um problema cardíaco. Mas a mídia culpou o Cruzeiro. Já uma portadora de distrofia muscular degenerativa veio a falecer, mas o Cruzeiro em que viajava acabou no banco de acusação. E mais um caso, a morte de uma professora por conta de uma hepatite autoimune, conforme a Vigilância Epidemiológica de SC, amplia a carga de denúncias. A vítima apresentou um quadro de vômitos e diarréia. Conclusão da mídia antes do laudo que comprovou a hepatite: intoxicação por alimentos do Cruzeiro.

ATIRANDO A ESMO

Quando a imprensa atira a esmo sem saber onde está o alvo deixa de lado sua responsabilidade social. Em todos os episódios que culminaram com mortes, as investigações e exames técnicos de alimentos e água apresentaram resultados negativos. É assim que a imprensa acaba corroendo sua credibilidade.

PAPO FIRME

Vaz de Lima, presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, uma boa cabeça e um ótimo papo, deixará o cargo em março. Poderá vir a ser o líder do governo Serra na Assembléia. Se quiser.

O HEROÍSMO DE ALENCAR

Esse vice-presidente da República, José de Alencar, é mesmo um herói. Submete-se a seguidas cirurgias como um leão ferido, mas resistente às intempéries. Não teme a morte. Teme, isso sim, a desonra, a vergonha em vida. A última intervenção por que passou durou 18 horas. Esta Coluna, comovida, deseja calorosamente que a figura exemplar de Alencar se restabeleça prontamente para continuar a expressar sua lição de vida. E a falar mal dos juros altos.

"Desde o condutor dos transportes e o tocador de tambor até ao general, a ousadia é a mais nobre das virtudes, o aço verdadeiro que dá à arma o seu gume e brilho." (Clausewitz)

CENÁRIO DE EMBOSCADAS

O palco de 2010 começa a ser montado. Portanto, senhoras e senhores candidatos, preparem-se para enfrentar todo tipo de emboscadas. Algumas virão em forma de denúncias em matérias de jornais e revistas. Pedradas e bombas aparecerão de repente. Fogueiras começam a ser acesas. Borrascas arrebentarão imagens. Os tempos que virão serão apimentados. A conferir.


CONSELHO AO MINEIRO AÉCIO NEVES

Esta Coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado ao ministro Carlos Lupi. Hoje, volta sua atenção ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves :

1. Mineirice não combina com açodamento.

2. Não dê importância maior a um ato menor. A nomeação de Geraldo Alckmin como secretário do governo Serra teve repercussão maior que a dimensão do ato.

3. Use sua capacidade de articulação para ganhar boa posição nas prévias dos tucanos.

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(Fonte: Gaudêncio Torquato)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ensinamentos de MÃE DE ANTIGAMENTE:





Pra lembrar e rir.

Coisas que nossas mães diziam e faziam...

Era uma forma, hoje condenada pelos educadores e psicólogos, mas funcionou com a gente.

Minha mãe ensinou a VALORIZAR O SORRISO...
'ME RESPONDE DE NOVO E EU TE ARREBENTO OS DENTES!'

Minha mãe me ensinou a RETIDÃO.
'EU TE AJEITO NEM QUE SEJA NA PANCADA!'

Minha mãe me ensinou a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS..
'SE VOCÊ E SEU IRMÃO QUEREM SE MATAR, VÃO PRA FORA. ACABEI DE LIMPAR A CASA!'

Minha mãe me ensinou LÓGICA E HIERARQUIA..-.
'PORQUE EU DIGO QUE É ASSIM! PONTO FINAL! QUEM É QUE MANDA AQUI?'

Minha mãe me ensinou o que é MOTIVAÇÃO...
'CONTINUA CHORANDO QUE EU VOU TE DAR UMA RAZÃO VERDADEIRA PARA CHORAR!'

Minha mãe me ensinou a CONTRADIÇÃO...
'FECHA A BOCA E COME!'

Minha Mãe me ensinou sobre ANTECIPAÇÃO...
'ESPERA SÓ ATÉ SEU PAI CHEGAR EM CASA!'

Minha Mãe me ensinou sobre PACIÊNCIA...
'CALMA!... QUANDO CHEGARMOS EM CASA VOCÊ VAI VER SÓ...'

Minha Mãe me ensinou a ENFRENTAR OS DESAFIOS...
'OLHE PARA MIM! ME RESPONDA QUANDO EU TE FIZER UMA PERGUNTA!'

Minha Mãe me ensinou sobre RACIOCÍNIO LÓGICO...
'SE VOCÊ CAIR DESSA ÁRVORE VAI QUEBRAR O PESCOÇO E EU VOU TE DAR UMA SURRA!'

Minha Mãe me ensinou MEDICINA...
'PÁRA DE FICAR VESGO, MENINO! PODE BATER UM VENTO E VOCÊ VAI FICAR ASSIM PARA SEMPRE.'

Minha Mãe me ensinou sobre o REINO ANIMAL...
'SE VOCÊ NÃO COMER ESSAS VERDURAS, OS BICHOS DA SUA BARRIGA VÃO COMER VOCÊ!'

Minha Mãe me ensinou sobre SEXO...
'...E COMO VOCÊ ACHA QUE VOCÊ NASCEU?'

Minha Mãe me ensinou sobre GENÉTICA...
'VOCÊ É IGUALZINHO AO SEU PAI!'

Minha Mãe me ensinou sobre minhas RAÍZES...
'TÁ PENSANDO QUE NASCEU DE FAMÍLIA RICA É?'

Minha Mãe me ensinou sobre a SABEDORIA DE IDADE...
'QUANDO VOCÊ TIVER A MINHA IDADE, VOCÊ VAI ENTENDER.'

Minha Mãe me ensinou sobre JUSTIÇA....
'UM DIA VOCÊ TERÁ SEUS FILHOS, E EU ESPERO QUE ELES FAÇAM PRÁ VOCÊ O MESMO QUE VOCÊ FAZ PRA MIM! AÍ VOCÊ VAI VER O QUE É BOM!'

Minha mãe me ensinou RELIGIÃO...
'MELHOR REZAR PARA ESSA MANCHA SAIR DO TAPETE!'

Minha mãe me ensinou o BEIJO DE ESQUIMÓ...
'SE RABISCAR DE NOVO, EU ESFREGO SEU NARIZ NA PAREDE!'

Minha mãe me ensinou CONTORCIONISMO.-..
'OLHA SÓ ESSA ORELHA! QUE NOJO!'

Minha mãe me ensinou DETERMINAÇÃO..-.
'VAI FICAR AÍ SENTADO ATÉ COMER TODA COMIDA!'

Minha mãe me ensinou habilidades como VENTRÍLOGO...
'NÃO RESMUNGUE! CALA ESSA BOCA E ME DIGA POR QUE É QUE VOCÊ FEZ ISSO?'

Minha mãe me ensinou a SER OBJETIVO...
'EU TE AJEITO NUMA PANCADA SÓ!'

Minha mãe me ensinou a ESCUTAR ....
'SE VOCÊ NÃO ABAIXAR O VOLUME, EU VOU AÍ E QUEBRO ESSE RÁDIO!'

Minha mãe me ensinou a TER GOSTO PELOS ESTUDOS..
'SE EU FOR AÍ E VOCÊ NÃO TIVER TERMINADO ESSA LIÇÃO, VOCÊ JÁ SABE!...'

Minha mãe me ajudou na COORDENAÇÃO MOTORA...
'AJUNTA AGORA ESSES BRINQUEDOS!! PEGA UM POR UM!!'

Minha mãe me ensinou os NÚMEROS...
VOU CONTAR ATÉ DEZ. SE ESSE VASO NÃO APARECER VOCÊ LEVA UMA SURRA!'

Brigadão Mãe !!!

domingo, 25 de janeiro de 2009

COMÍCIO DAS DIRETAS JÁ NA SÉ SEGUE VIVO NA LEMBRANÇA DOS MANIFESTANTES






Evento que reuniu 300 mil pessoas no centro de SP completa 25 anos.


Festa cívica foi o primeiro grande passo rumo à democratização do país.


Há exatos 25 anos, a Praça da Sé, no Centro de São Paulo, era palco de mais uma festa. Não uma festa de aniversário qualquer, mas uma comemoração cívica jamais vista anteriormente no país, que se transformou em um marco na luta pela redemocratização.


Em 25 de janeiro de 1984, quando a capital paulista completava 430 anos, 300 mil pessoas foram prestigiar mais um comício da campanha das Diretas Já, um movimento suprapartidário que reivindicava a aprovação da eleição direta para presidente do Brasil. O país já tinha presenciado outros atos pelas Diretas, mas o primeiro grande passo rumo à redemocratização ocorreu naquele dia.


A festa foi inesquecível para as 300 mil pessoas que lotaram a Sé. Na luta pelo restabelecimento da democracia, estavam engajados, lado a lado, políticos, trabalhadores, intelectuais, artistas, jogadores de futebol, idosos, jovens.


ONDA MÁGICA


“Foi uma coisa fabulosa”, sintetiza a cantora Fafá de Belém, ao relembrar do comício da Sé, então o seu maior “público”. A convite de Teotônio Vilela, Fafá participou de todos os comícios da campanha. Fazendo jus à condição de “Musa das Diretas”, ela abria os comícios puxando o Hino Nacional e, durante o evento, interpretava a canção “Menestrel das Alagoas”, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant em homenagem a Teotônio Vilela.


Para a cantora paraense, que recepcionou, antes dos comícios, muitos políticos em sua residência em São Paulo, “nada igual havia acontecido antes”. “Além do público, dos populares, havia todas aquelas pessoas que estavam por ali no palanque, como Fernando Henrique Cardoso (sociólogo e então senador pelo PMDB), Chico Buarque e outros ícones da minha adolescência. Todo mundo motivado por uma onda mágica”, disse.

Fafá relembrou dos comícios das Diretas Já ao assistir pela TV à cerimônia de posse de Barack Obama. “Vi nas expressões dos rostos dos americanos aquela mesma felicidade, aquela mesma expectativa por mudanças que havia nos rostos dos brasileiros. Eu chorei na posse do Obama”, revelou.

Apesar de a emenda Dante de Oliveira não ter passado no Congresso, Fafá de Belém não pensa duas vezes para afirmar que faria tudo de novo. “Sim, porque hoje vivemos em um estado democrático. Foi impossível deter a caminhada”, afirmou.



CAMINHADA DE ANÔNIMOS


A caminhada só foi em frente devido à mobilização popular de milhões de pessoas por todo o país. Anônimos como a servente de escola Filomena Conceição Militão, na ocasião com 58 anos, o sindicalista Luís Carlos de Oliveira e a estudante de história da USP Anna Crisitina Camargo Moraes Figueiredo.


Mais ou menos engajados politicamente, todos aderiram à campanha com um propósito bastante claro: restabelecer o processo democrático e votar para presidente.


Filomena Conceição, aos 83 anos, puxa pela memória para relembrar daqueles dias. “Não perdia um comício, eu ia em todas as passeatas. Eu lembro que era cada um levando a sua bandeira. Era uma festa cívica, como se fosse uma escola de samba. A gente lutou para mudar, mas não mudou”, relatou, com uma ponta de frustração.


Já para Luís Carlos, o Luisinho, segundo tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, além da redemocratização, estava em jogo também a possibilidade de legalização do Partido Comunista Brasileiro (PCB). “Já estava militando pelo partido na época da ditadura, que era algo que revoltava a gente. Aquilo que estava acontecendo era um sonho inacreditável, de que a gente podia mudar e acabar com a ditadura. A gente se emocionava muito”, lembrou.


Anna Cristina, por sua vez, com apenas 21 anos, participava dos comícios sem ter noção da real dimensão do evento para a história. “Eu não era tão politizada. Ia mais por ter uma visão meio glamorosa do pessoal da década de 1960, da possibilidade de ser presa, tomar porrada da polícia”, contou. Mesmo assim, as lembranças estão vivas na cabeça. “Lembro da Fafá cantando o hino, das pessoas chorarem, havia um sentimento de unidade. A maior parte do tempo ficávamos andando, gritando palavras de ordem”, disse.


O clima de confraternização na Praça da Sé favoreceu até mesmo o início de um relacionamento em pleno comício. “Eu era candidata à presidência do Centro Acadêmico do curso de História e fui junto com o Marcelo, diretor do Diretório Estudantil da USP. Demos o primeiro beijo com a Fafá cantando o hino”, relembrou.


O namoro durou durante toda a campanha das Diretas Já, mas tinha data certa para acabar. “Terminamos o namoro quando foi votada a emenda Dante de Oliveira (em 25 de abril de 1984). Creio que a frustração foi muito grande e decidimos acabar”, afirmou. Um verdadeiro anticlímax nacional, mas, a partir daí, começa uma outra história...


(Marcelo Mora, em São Paulo)

DIRETAS JÁ – UM MOVIMENTO MEMORÁVEL

Há vinte e cinco anos atrás a Nação Brasileira se irmanava num dos mais belos movimentos libertários de sua história.

O comício da Praça da Sé, em 25 de janeiro de 1984, foi o marco indelével desse levante de heroísmo popular.

Coloquei meus sentimentos naquele momento em forma de poesia livre.

Instigado pelo vento da impetuosidade política daqueles anos, com o peito adolescente inflamado de sonhos de justiça e liberdade, foi com o coração feito vulcão em atividade que escrevi os versos abaixo:

ELEIÇÕES DIRETAS

Abalam-se as selvas e os rios
Da Amazônia Gigante,
Dorme intranqüilo o alto Sulista,
Abre o Centro-Oeste sua larga
Boca Pecuária,
Estremece o Sudeste
Como um tambor metalúrgico,
Desespera-se o homem e a planta
Do nosso Nordeste abatido,
Um clamor se alastra
Expande-se para os astros:
Tremulam as membranas
Mais íntimas do Brasil
- uma Pátria inteira agoniza!

Espalha-se a miséria
Qual doença contagiosa,
Corre a inflação mais que o vento,
A fome roe as entranhas pobres,
A corrupção polui a atmosfera,
O imperialismo alonga suas unhas,
Rouba terra e mais terra,
Suga o sangue inocente,
Nega a Paz ao Humano.

É a Nação castigada,
Saqueada e oprimida
Por um governo sombrio,
Traidor e impopular,
Onde o ministro e o maldito
Entregam ao FMI,
À multinacional, ao banqueiro,
Ao norte-americano avarento,
O que há de mais alto e sublime
No coração patriótico:
O solo, o ar, o vento, o destino,
A Soberania Nacional!

Por isso, Povo extenso,
Torpedo, fúria indomável,
Abraça tuas raízes,
Revigora tua Fé,
Congrega tuas origens,
Ergue teu estandarte,
Grita na rua e no ar,
No sindicato e na praça
Exige com voz implacável:

Liberdade, Pão e Paz,
Morte a esta Ditadura,
Reforma Agrária e Justiça,
Ampla Organização
Fim da Lei de (In)segurança,
Direito a Greve e Sorriso,
“Eleição Direta agora
Para Presidente da República”.
Escolhe um filho teu
Digno de tua seiva e de teu chão.

Edifica uma casa fraterna,
Resplandecente e livre,
Com alicerces infinitos,
Planta em teu solo amoroso
Um jardim belo e fecundo
Com rosas inumeráveis.
Constrói com mãos consteladas
Uma Pátria Pura e Poderosa!!!


(Por Júnior Bonfim)